Há um ano na estrada, Atreva-se chega a Florianópolis precedida por dois atrativos principais: a estética inspirada no cinema noir e a direção geral de Jô Soares.

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Do primeiro vêm as sombras dramáticas, o claro- escuro com intenso contraste e a atmosfera de suspense; nas mãos de Jô, o texto escrito por Maurício Guilherme nos anos 1990 ganhou um novo personagem.

O enredo mistura comédia e mistério em quatro esquetes – A Mansão, O Medo, O Pacto e De Volta à Mansão – interligadas entre si e com um toque de nonsense.

O elenco é formado por quatro atores acostumados ao gênero humorístico: Marcos Veras ( Zorra Total), Júlia Rabello ( Porta dos Fundos), Mariana Santos ( Zorra Total) e Carol Martin.

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Outro ponto forte da montagem de Atreva-se na Capital é o valor do ingresso: R$ 60, em uma cidade onde a população não raro se depara com valores de três dígitos em ingressos de espetáculos nacionais. Leia mais sobre a peça na entrevista com Jô Soares concedida por e- mail.

A montagem atual do texto foi reescrita com a sua participação. Quais foram os principais traços ou aspectos que você buscou ressaltar ou alterar?

Jô Soares – Eu e o Mauricio partilhamos de um senso de humor muito parecido. E das peças dele, aquela que eu achava que tinha a possibilidade da minha visão acrescentar alguma coisa era a Atreva-se. Trabalhamos juntos no texto antes dos ensaios começarem. Faço isso em todas as peças que dirijo. Começo a dirigir ainda no papel. Eu sugeri a ele a criação da personagem da Lanterninha, que é uma espécie de mestre de cerimônias do espetáculo. Ele gostou da ideia e escreveu o papel especialmente para esta montagem.

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Como você escolhe as peças que vai dirigir?

Jô Soares – Deve existir algum tipo de afinidade. Eu só faço aquilo de que gosto muito. De vez em quando posso parar um pouco para escrever um livro ou fazer uma exposição de artes plásticas. Mas a minha paixão é o teatro e a TV. Também pelo fato de ser uma profissão de risco. Se não for para se arriscar, não vale a pena. E teatro é trapézio sem rede.

Você já trabalhou outras vezes com a mistura de humor e suspense, como no caso de um de seus livros mais famosos, o Xangô de Baker Street, que virou filme. Há semelhanças entre esse seu trabalho e a peça?

Jô Soares – Com certeza também existem na peça humor e suspense. E muitas referências ao cinema de mistério, ao cinema de terror, aos filmes de Hitchcock. É um espetáculo muito elegante, que remete aos filmes em preto e branco. Há ainda uma boa dose de nonsense. Eu costumo dizer que, neste espetáculo, quanto menos você entende, mais você se diverte.

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É comum que no teatro os diretores não viajem com a peça em turnê. Neste caso, como é o processo de direção? Você acompanhou os ensaios?

Jô Soares – Foram cinco semanas de ensaios, entre maio e junho de 2012. Neste período, aconteceu o trabalho de mesa, com os atores conhecendo o texto através de várias leituras. Em seguida, marcamos toda a peça, ou seja, toda a movimentação cênica.

Depois que o espetáculo estreia, faço visitas ocasionais para a manutenção necessária. Ou então, um diretor assistente que esteja trabalhando comigo naquela montagem pode fazer essa manutenção também.

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Da época em que você começou a carreira na televisão, com o Faça Humor, Não Faça Guerra, depois Satiricom e Viva o Gordo, até os dias de hoje, com o stand- up comedy e as microsséries de internet desempenhando papel de destaque na cena brasileira humorística, você acha que o humor do brasileiro mudou? De que forma?

Jô Soares – Se há um denominador comum entre tudo isso é o próprio humor. O que é impossível é você colocar algum critério nisso. O que é grosseria pra algumas pessoas, pode ser engraçado pra outras. Antigamente, no tempo da ditadura militar, por exemplo, o que o artista tinha era que driblar uma censura que existia. Hoje isso é bem mais tranquilo. Mas basicamente o único compromisso que o humor tem que ter sempre é em ser engraçado.

Agende-se

O quê: Atreva-se

Quando: sábado às 21h e domingo às 19h

Onde: Teatro Ademir Rosa – CIC (Av. Gov. Irineu Bornhausen, 5600, Agronômica, Florianópolis)

Ingressos: R$ 60 e R$ 30 (meia), à venda na bilheteria do teatro (de segunda a sexta-feira das 13h às 19h) ou pelo site www.blueticket.com.br / Descontos para Clube do Assinante do Diário Catarinense e associados Porto Seguro

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Informações: (48) 3953 2345