Os jihadistas sírios mostraram nesta quinta-feira (11) uma forte resistência às forças do regime, que tentam retomar o controle de uma base militar estratégica na província de Idlib, no noroeste do país em guerra.

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Milhares de pessoas fugiram, desde o começo de dezembro, por causa dos combates na região, onde o regime avança em uma ofensiva lançada em 25 de dezembro.

No sudeste de Idlib está o aeroporto militar de Abu Duhur. As tropas do presidente Bashar Al Assad conseguiram entrar ali na noite de quarta, com apoio crucial da aviação síria e de seu aliado russo.

O aeroporto está sob controle do Hayat Tahrir al-Sham, um grupo jihadista dominado pela ex-facção da Al-Qaeda na Síria.

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Este aeroporto é de importância estratégica para as autoridades sírias: recuperar seu controle permitirá que tenha uma base militar na província – a única que ainda não controla totalmente.

Mas depois de entrar no aeroporto, localizado no sudeste da província, as forças governamentais enfrentam a “resistência feroz” dos jihadistas e rebeldes islamitas, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Na manhã desta quinta-feira, Hayat Tahrir al-Sham e seus aliados também lançaram uma ofensiva contra as bases de retaguarda das forças do regime, dezenas de quilômetros ao sul do aeroporto, de acordo com o diretor da OSDH, Rami Abdel Rahman.

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– Deslocados e sem-teto –

A operação no sudeste da Idlib, com apoio aéreo de seu aliado russo, foi lançada em 25 de dezembro para reconquistar o sudeste de Idlib.

Ela foi realizada juntamente com outra operação na província vizinha de Hama e permitiu que o regime retomasse dezenas de aldeias e localidades, de acordo com o OSDH.

Os últimos combates na base, deixaram 26 mortos entre jihadistas e 15 entre os combatentes do regime, segundo a mesma fonte.

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Cerca de 96 civis, incluindo 27 crianças, morreram desde 25 de dezembro nos ataques aéreos do regime sírio ou da Rússia em Idlib, de acordo com o OSDH.

O objetivo é conquistar o sudesta da província, onde estão presentes grupos rebeldes, para “proteger” uma estrada que liga Aleppo, a segunda maior cidade do país, até a capital Damasco.

O regime perdeu o controle do aeroporto no final de 2015, após um cerco de dois anos imposto pelos jihadistas. Desde então, sua presença na província se limitava a duas aldeias xiitas, Fua e Kafraya.

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Alguns grupos rebeldes mantêm uma presença em Idlib e, apesar das diferenças com os jihadistas, uniram forças para lutar contra as forças de Bashar al-Assad.

A violência provocou um deslocamento importante da população: desde o início de dezembro, quase 100 mil pessoas fugiram dos combates, segundo o Escritório de Assuntos Humanitários das Nações Unidas.

“Muitos (deslocados) estão desabrigados, o que poderia expô-los a muitos riscos”, especialmente durante o inverno, advertiu a organização.

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O responsável da ONU para assuntos humanitários, Mark Lowcock, conclui nesta quinta-feira uma visita à Síria e se disse “profundamente preocupado” com o destino dos civis na região.

– Irritação em Ancara –

As pessoas deslocadas com frequência se instalam em “barracas de campanha improvisadas”, ou até “em casas abandonadas ou em construção”, segundo a ONG International Rescue Committee.

A guerra na Síria deixou mais de 340 mil mortos desde 2011 e provocou uma grave crise humanitária, com milhões de deslocados e refugiados.

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Na fronteira com a Turquia, Idlib é uma das quatro “zonas de distensão” decididas pelos patrocinadores internacionais dos beligerantes para obter um cessar-fogo em todo o país.

A ofensiva do regime irritou a Turquia, que apoia os rebeldes, e que na quarta-feira instou Rússia e Irã, aliados de Assad, a “assumir suas responsabilidades” e interromper a operação em andamento.

“Precisam deter o regime”, declarou o ministro de Relações Exteriores turco, Mevlüt Cavusoglu. “Não se trata de um simples ataque aéreo, o regime tem outras intenções e está avançando em Idlib”, insistiu.

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As autoridades turcas convocaram os embaixadores da Rússia e do Irã a Ancara para comunicar seu “embaraço” diante da ofensiva.

As tensões lançaram uma nuvem de incerteza sobre o encontro que o presidente russo, Vladimir Putin, espera realizar nos dias 29 e 30 de janeiro em Sochi para encontrar uma saída para o conflito sírio que já custou mais de 340 mil vidas desde 2011.

* AFP