Foram incontáveis os impactos, as descobertas e os ensinamentos vividos em março na visita a Israel, a partir de Tel Aviv e Jerusalém, com um grupo de catarinenses. Já no desembarque, no aeroporto Ben Gurion, moderno e muito prático, uma correria de passageiros falando várias línguas. Aspecto que prosseguiu pela postura de judeus ortodoxos em grupos, todos de terno escuro, muitos com chapéus pretos e vários liderando famílias numerosas com esposas ao lado de seis a sete filhos. No caminho, antes da retirada da bagagem, todos se reuniram próximos da parede e começaram a rezar, fazendo leves movimentos com o corpo. E, mantendo a tradição judaica, virados para Jerusalém.

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Do aeroporto, o ônibus conduziu o grupo diretamente a Jerusalém, primeira etapa da viagem. A geografia é muito diferente do que se vê nos filmes e em muitas narrativas. A paisagem é de uma sucessão de montanhas e morros áridos, escarpados, rocha pesada amarela.

Rodovias excelentes nos 50 quilômetros que separam Tel Aviv de Jerusalém, com sinalização em hebraico e inglês. Facilidade que se repete nas cidades, com informações sobre os monumentos e atrações turísticas.

Patrimônio singular

Com população superior a 700 mil pessoas, Jerusalém, a Capital, é a maior cidade de Israel. Concentra na cidade antiga, protegida por muralhas de milênios, que remontam aos tempos do Rei Davi e de Herodes, um patrimônio único no planeta, todo tombado pela Unesco. Expandiu-se fora das muralhas, onde estão modernos prédios públicos do governo, edifícios de apartamentos e belas residências, tudo com muito verde. Não vivemos nenhum congestionamento.

No Monte das oliveiras, um cenário único: o jardim coberto com antigas árvores, algumas delas com 2 mil anos. apesar de serem da época de cristo, Muitas ainda produzem azeitonas.

O roteiro clássico começa no Monte das Oliveiras, com uma visita panorâmica da cidade para a foto mais conhecida de Israel: os cemitérios judeus no primeiro plano, a cidade antiga protegida pelas muralhas, tendo como destaque a maravilhosa Mesquita Dourada (Domo da Rocha), lugar sagrado dos muçulmanos, e torres de igrejas. Bem ao fundo, novas construções e muitos edifícios.

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Situado a leste da cidade antiga, o Monte das Oliveiras pertence a uma cadeia de colinas, oferecendo um cenário singular com um jardim coberto de antigas árvores, algumas com 2 mil anos e, portanto, da época de Cristo. Detalhe que impressiona: ainda produzem azeitonas.

Ao lado do Jardim das Oliveiras, está a Basílica da Agonia, também chamada Igreja de Todas as Nações. Foi construída com doações de 12 países, inclusive do Brasil, a partir de um projeto do arquiteto italiano Antônio Berluzzi. Tem um interior escuro pesado, retratando a agonia de Jesus, mas com decoração e obras de arte que remontam ao período bizantino.

Ali, segundo a tradição cristã, há uma rocha sobre a qual Cristo teria orado antes de ser preso pelos soldados romanos e levado para a crucificação.

Onde Cristo viveu sua saga

Em Jerusalém, compreende-se melhor o cenário em que se deu toda a pregação de Cristo. Vivendo em Nazaré com a família, tinha que percorrer uma longa distância de 150 quilômetros para chegar a Jerusalém. Entre os primeiros atos, antes de entrar triunfante no fim da jornada, expulsou os comerciantes com os novos ensinamentos. Era uma ligação entre Judeia (Jerusalém) e Galileia (Nazaré, Tiberíades), que antes exigia quatro dias de viagem no lombo de burro, numa área deserta com extensas montanhas de duro calcário.

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A fé dos locais e dos visitantes está presente em diversos ambientes sagrados: históricas e maravilhosas mesquitas, de acesso restrito aos muçulmanos; sinagogas e o Muro das Lamentações, onde se reúnem os judeus; e deslumbrantes igrejas cristãs, que atraem maior número de peregrinos. Longas filas se estendem na esplêndida Basílica do Santo Sepulcro, que abriga o local da crucificação e do sepultamento de Cristo. Média de espera de duas horas para atingir os locais sagrados.

A Via Dolorosa permite reviver os duros caminhos percorridos por Cristo antes de ser crucificado. Todas as estações estão sinalizadas no bairro cristão.

Via tão cultural quanto espiritual

Os peregrinos vivem experiências emocionantes com orações e grupos corais católicos, ortodoxos russos, armênios, gregos e cooptas egípcios. Já os turistas têm visitas menos espirituais e mais culturais. Nos dias em que permaneceram em Jerusalém, os catarinenses circularam por todos os espaços, incluindo os quatro bairros, liderados por guias ou até desacompanhados. O bairro muçulmano é dos mais movimentados, por abrigar um grande bazar com lojas de suvenires e especiarias.

Jerusalém, em hebraico, significa “legado da paz”. Os milhões de peregrinos e turistas que para lá se dirigem buscam conhecimento, confirmação da fé, novas luzes, informações históricas e a constatação de que ali se vive na “Cidade da Paz”.

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Lições de história

A Divisão

Dentro das muralhas de Jerusalém, o destaque fica para o museu com a Torre do Rei Davi, com um espaço dedicado a informações e monumentos, situado junto ao bairro armênio. Todos os ricos templos e basílicas e lugares que marcaram a vida de Jesus estão no bairro cristão.

O bairro muçulmano é o maior, em território e número de habitantes, em que se projeta a deslumbrante mesquita da cúpula dourada (foto abaixo). Na divisa com o bairro judeu, está o Muro das Lamentações. Visitantes circulam sem problemas por todos estes quatro bairros. Aparentemente, a convivência é pacífica.

Alvo histórico

Durante a história, Jerusalém foi destruída duas vezes, sitiada outras 23, atacada em 52 ocasiões e capturada e recapturada outras 44 vezes. A área mais antiga data do século 4 antes de Cristo. Atribui-se a Solimão, o Magnífico, a construção das muralhas, em 1538.

Mas há espaços internos com construções e um museu do Templo de Herodes, o que mandou matar as criancinhas com até dois anos para liquidar com o anunciado Messias. Esses muros fixam os limites da cidade antiga, dividida desde o século 19 em quatro bairros: muçulmano, judeu, cristão e armênio.

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Palestinos

Um dos momentos em que a questão árabe-israelense revelou-se presente foi na visita a Igreja da Natividade, onde, segundo os cristãos, Jesus Cristo teria nascido. A guia que atendeu em Jerusalém não entrou na cidade de Belém, toda cercada de muros erguidos por Israel, com 3 metros de altura. A assistência aos turistas é dada por guias oficiais do Ministério do Turismo do Estado da Palestina.

Belém é uma das 16 províncias que formam o Estado Palestino, todas elas cercadas por muros ou cercas de arame, cujo acesso é controlado por Israel. Estes cercos têm a extensão de 850 quilômetros. O guia advertiu várias vezes os catarinenses para o risco de se perderem. Se não retornassem no mesmo ônibus, teriam que pedir um táxi, que cobra cerca de US$ 150 dólares por uma distância de 9 quilômetros. E a passagem pelos centros de controle é mais rigorosa.

Apesar disso, 33 mil palestinos trabalham em Israel com direito a trânsito livre. A Basílica da Natividade forma um complexo com três igrejas. A primeira, obra dos franciscanos, data de 327 da era cristã, pioneiros na peregrinação à Terra Santa. Sua gestão está a cargo da Igreja Ortodoxa Grega.