A 100 dias do início da Copa do Mundo, Jérôme Valcke ainda se mostra preocupado com a preparação brasileira para receber o evento. Em entrevista por e-mail ao portal LANCE!Net, o secretário-geral da Fifa não escondeu que os prazos apertados de entrega dos estádios incomodam:
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– Posso dizer certamente que não foi uma Copa fácil – afirmou.
A 100 dias da Copa do Mundo, qual a é a sua visão sobre a organização do evento?
Jérôme Valcke: Pude ver a empolgação vinda das cidades-sede que visitamos e também das seleções participantes que estiveram no Workshop das Seleções, em Florianópolis. Estamos trabalhando com prazos muito curtos. Mas temos um compromisso da presidente Dilma com todas as cidades e tenho certeza de que tudo que é preciso para que a Copa seja bem sucedida estará em ordem.
Em que patamar o senhor entende que um país-sede deveria estar a 100 dias do evento?
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Valcke: Com 100 dias restantes, não se fala em questões, e sim em soluções. Certamente ainda temos três estádios para entregar, com São Paulo e Curitiba provavelmente prontos apenas em 15 de maio. A chave é começar a instalação da infraestrutura de tecnologia da informação necessária, que leva cerca de 90 dias, e assegurar a transmissão de imagens dos 64 jogos para bilhões de pessoas. O que conta no fim é que tudo esteja em ordem para o pontapé inicial. E isso irá acontecer.
Em que medida o atraso de importantes obras de infraestrutura impacta na operação do evento?
Valcke: Não haverá impacto ou comprometimento em segurança, mas em alguns estádios que entregamos tarde poderemos ver algum impacto em prestação de serviço aos torcedores, como ocorreu durante a Copa das Confederações da Fifa. Isso se dá porque podemos não ter tempo suficiente, por exemplo, para checar se todos os assentos indicados no plano de assentos corresponde, em realidade, ao número e localização. Isso, infelizmente, aconteceu durante a Copa das Confederações da Fifa principalmente no Recife, onde algumas fileiras foram numeradas de forma diferente ou sequer existiam.
Pesquisa mostrou uma queda da aprovação do brasileiro em relação à Copa. Como a Fifa vê isso?
Valcke: O Brasil é um país democrático com 200 milhões de pessoas. É impossível para todos terem as mesmas crenças. A última pesquisa mostra que 58% são a favor de sediar a Copa do Mundo. Se compararmos ao mesmo período antes da Olimpíada de Londres-2012, lá o percentual era de 49%.
O termo “Padrão Fifa” foi muito utilizado nas recentes manifestações. O que significa este termo?
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Valcke: Certamente os padrões para um evento da magnitude da Copa são muito altos. Reconhecemos e apoiamos o desejo do povo brasileiro de discutir investimentos públicos em serviços. Ao mesmo tempo, o governo brasileiro explicou diversas vezes que o dinheiro público para construir e reformar estádios não sai do orçamento federal, diferentemente de educação e saúde.
O Brasil alcançou este padrão na prestação dos serviços exigidos pela Fifa?
Valcke: O legado já está lá para os que querem vê-lo. A Fifa trata de futebol, então vamos começar com o legado para o futebol. As melhorias nos campos, que levam a uma melhor qualidade do jogo. E os investimentos em CTs além das 12 cidades-sede, que melhorarão o futebol profissional. Os equipamentos e os profissionais treinados permanecerão no Brasil, e isso será outro importante legado para os jogos do Campeonato Brasileiro.
Dirigir a Copa no Brasil foi seu mais difícil desafio até hoje?
Valcke: É apenas a minha terceira Copa do Mundo com a Fifa e só a segunda em que estou totalmente no comando. Posso dizer que não foi uma Copa fácil.