O Natal de Jeremy Lin não prometia muito. Na verdade, prometia quase nada. O até então desconhecido armador nascido em Los Angeles, com pais de Taiwan, parecia acabado para a NBA no final do ano passado e já pensava em procurar outra coisa para fazer da vida.
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Lin foi um bom jogador para o padrão universitário da região de San Francisco, onde cresceu. Mas não o suficiente para chegar com força na NBA. Tanto que ele nem foi escolhido no draft de 2010, logo após se formar em economia em Harvard, uma universidade famosa por sua capacidade acadêmica, mas sem tradição esportiva.
Mesmo assim, Lin ainda conseguiu uma boquinha no Golden State Warriors, onde passou incógnito como reserva, com média de não mais do que dois pontos por partida. Resultado: foi dispensado.
Em meio à greve que quase impediu a atual temporada, Lin foi treinar com o Houston Rockets. E também foi rejeitado.
– stava pensando em jogar na D-League (a liga de desenvolvimento da NBA), ou em outro país ou até mesmo dar uma parada e pensar em alguma outra coisa -disse Lin, em seu dia de estrela no fim de semana do All-Star Game da NBA, em Orlando.
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Um jogador que ninguém dava nada escolheu o lugar certo para se tornar uma estrela: a Disneyworld, o Reino Mágico, onde fica o castelo da Cinderela. Como um plebeu que virou príncipe, Lin roubou as atenções. E ele nem foi escolhido para atuar no All-Star Game do último domingo. E só na última hora acabou sendo selecionado para atuar no jogo dos calouros, na última sexta-feira.
Lin teve seus momentos de Michael Jordan. Um Jordan asiático. Com direito a privilégios que nenhum outro jogador teve. Como uma entrevista exclusiva agendada em cima da hora devido à enorme procura e centenas de jornalistas chineses atrás dele.
Assim, Lin teve a sala de entrevistas só para ele na noite de sexta-feira. Uma verdadeira celebridade para um jogador que não estava ranqueado nem entre os 400 melhores da NBA antes do início da temporada. Com bom-humor, Lin disse não ter uma resposta para a sua ascensão meteórica.
Quando se tornou titular do New York Knicks, ele venceu sete jogos seguidos, teve médias de 24 pontos, nove assistências e 51% de aproveitamento nos arremessos. Talvez o que explique essa “Linsanidade”, como ele é chamado em Nova York, foram as horas extras de treinamento em San Francisco.
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– Eu costumava jogar até as duas horas da manhã em qualquer quadra que estivesse disponível em Stanford (universidade próxima a San Francisco), ou em qualquer outro lugar. Por isso, nem ele entende toda essa “Linsanidade.:
– Tudo isso é muito divertido, mas o importante agora é o crescimento do New York Knicks (que passou a brigar por vaga nos playoffs) e não apenas focar em mim.
A situação é tão bizarra que nos últimos dias um levantamento do instituto Nielsen, uma espécie de Ibope dos EUA, constatou que os internautas procuravam mais notícias na rede sobre Lin do que qualquer outro jogador da NBA, qualquer outro participante do All-Star Game.
Na terra da fantasia, Lin teve seus momentos mágicos. Até quando, esse é outro mistério que ele precisará desvendar.
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