O Joinville Esporte Clube está há dois meses sem entrar em campo e com atividades sendo realizadas apenas à distância. A crise causada pela pandemia do coronavírus fez com que o clube perdesse mais de 50% das receitas, caindo de R$ 536 mil para R$ 250 mil. No entanto, os números atuais podem ser ainda menores.

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O diretor-geral do JEC, Luis Carlos Guedes, explica que a situação financeira do clube já era frágil em razão das dívidas que se acumularam ao longos dos últimos anos. Agora, com a paralisação do futebol e a interrupção do fluxo financeiro, rompimento de contratos e atraso no pagamento de patrocinadores, deixaram a situação caótica, de acordo com o diretor.

Guedes conta que alguns patrocinadores já afirmaram que vão realizar os pagamentos ao JEC apenas depois do retorno do futebol, outros disseram que não vão renovar os contratos, apesar de terem pendências financeiras com o clube. E ainda houve casos de negociações que estavam em andamento com novos patrocinadores que precisaram ser suspensas.

– Esta é a hora em que mais precisamos de apoio e alguns estão se retirando, mas já estamos procurando novos patrocinadores para ocupar esses espaços – afirma.

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Receitas podem ser ainda menores

As receitas atuais estimadas em R$ 250 mil podem ser ainda menores porque o valor prevê o pagamento de todos os patrocinadores que têm contrato com o clube. Caso algum parceiro não efetue o pagamento, a receita cairá mais.

Além dos patrocínios, houve também a suspensão do pagamento da cota de televisão referente ao Campeonato Catarinense. Segundo Guedes, foram feitos os pagamentos, via associação de clubes, de três parcelas de R$ 120 mil. No entanto, a parcela de abril será paga apenas depois do retorno da competição, que foi paralisada após o fim da primeira fase.

Por outro lado, o Joinville recebeu em abril o apoio de R$ 120 mil da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A entidade transferiu o valor para todos os clubes participantes da Série D do Campeonato Brasileiro. O diretor tricolor diz que o dinheiro foi importante para ajudar com as contas de abril.

Queda menor no quadro de sócios

O ponto positivo foi o número pequeno de torcedores que deixaram de ser sócios durante a pandemia. Guedes afirma que houve a redução de 30 a 40 sócios ativos. Atualmente, são 2.970 torcedores associados.

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– A gente agradece muito aos sócios que entenderam e estão ajudando demais o clube neste momento para fazer frente aos seus compromissos – ressalta.

A falta de bilheteria não foi um problema para o clube, de acordo com Guedes. Isso porque apenas um jogo realizado em 2019 não deu prejuízo aos cofres do Tricolor. Neste ano, houve resultados positivos nos quatro jogos realizados na Arena Joinville durante o Catarinense, mas não o suficiente para ter grande impacto nas receitas.

Demissões e reduções salariais

Com a redução das receitas, o Joinville precisou realizar demissões, reduções ou adequações salariais de jogadores, comissão técnica e funcionários para conseguir dar conta das despesas, principalmente a partir do mês de maio. Cinco atletas, nove funcionários e três pessoas jurídicas não tiveram os contratos renovados no fim de abril.

– Começamos a colocar o salário em dia no ano passado e agora neste mês foi a primeira vez nos últimos seis meses em que não pagamos o direito de imagem. Fomos obrigados a fazer ajustes de salários – explica Guedes.

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As adequações fizeram a folha de pagamento do clube cair de R$ 330,5 mil para R$ 219,3 mil. Houve redução de 25% dos salários dos atletas e 50% dos direitos de imagem. Segundo o diretor-geral do clube, essa redução foi pequena perto do que outros clubes têm feito pelo país. O JEC ainda estabeleceu piso salarial de R$ 3 mil para todos os atletas para que todos conseguissem manter a renda.

– Não pagamos tudo, ainda tem pendência, mas vamos pagando. Vai ser um mês bem difícil pra nós. Dentro do nosso fluxo, a previsão é de que tenhamos recursos para pagar conforme está negociado com a redução dos salários. A nossa preocupação é daqui para frente – alerta.

De acordo com Guedes, alguns funcionários tiveram suspensão de contrato (lay-off) e outros colocados em jornada reduzida. O diretor tricolor informou que foram estabelecidos modelos diferentes de acordo com cada função após análise caso a caso, inclusive com funcionários sem alteração de contrato ou salário.