Eleito na última quarta-feira presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Joinville, Luiz Kunde, empresário do ramo de vestuário, com franquias de duas marcas famosas, fala sobre planos para sua gestão, que começa no dia 1º de janeiro de 2015.

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Ele analisou o panorama econômico em conversa de 65 minutos com Livre Mercado, sentado à mesa da pequena sala da diretoria da entidade na terça-feira, dia 28, um dia antes de ser eleito.

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Com celular à mão e antenado com informações e índices econômicos, ele avalia: o ano de 2014 é o mais difícil desde 2009, ano afetado pela crise financeira global.

Kunde afirma que a subida do JEC para a Série A do Brasileirão vai animar as vendas do comércio em diferentes setores, num efeito psicológico coletivo. O dirigente também pede mudanças na lei municipal de feiras e defende maior qualificação dos funcionários do varejo.

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Mulheres e jovens

– Dos oito vice-presidentes da CDL eleitos (a posse será em janeiro), cinco nomes mudam. A diretoria tem 18 cargos. Um jovem de 24 anos e duas mulheres passam a compor o núcleo dirigente da entidade de representação dos lojistas. Dar espaço a lideranças de câmaras setoriais é importante. É importante termos uma mulher na presidência da CDL. Temos líderes comprometidas e capacitadas. Talvez isso possa acontecer daqui a dois anos.

Qualificação

– Qualificar mais a mão de obra do comércio e de prestadores de serviços e estreitar relacionamento com as outras associações que compõem o conselho empresarial são alguns dos principais objetivos.

Aplicativo

– Ainda neste ano, a CDL deverá lançar um aplicativo com informações para os lojistas e consumidores a respeito do que podem encontrar e comprar na cidade. A intenção é facilitar o dia a dia de comerciantes, clientes e turistas.

Feiras

– A CDL reivindica alteração na lei municipal que autoriza a realização de feiras de varejo. Queremos isonomia, de modo que todos os varejistas sejam obrigados a dar garantia e troca de produtos em 30 dias. A devolução de mercadorias deve ser exigida em feiras sazonais que acontecem na cidade. Estas regras inviabilizariam, por exemplo, a venda de produtos roubados e falsificados. Até o fim do ano, uma nova lei deverá ser definida.

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Natal

– A CDL não pode fazer a iluminação em praças para o Natal neste ano. O que está sendo organizado é uma festa em frente à Sociedade Harmonia-Lyra para trazer lazer à população.

Sindicato

– O relacionamento com o Sindicato dos Comerciários é muito bom. Uma motivação nos une: a melhoria da qualificação dos funcionários de lojas e prestadores de serviços. A indústria já não absorve mais tanta gente que trabalha no varejo. Então, quanto mais pessoas são treinadas, mais fácil atingir 25% dos colaboradores com preparo adequado.

2015

– O próximo ano será bastante influenciado pela escolha da equipe econômica da presidente Dilma. Os nomes dos ministros da Fazenda e do Planejamento e do presidente do Banco Central determinarão o humor do mercado financeiro e de empresários. Eventual nomeação de Henrique Meirelles para a Fazenda mudaria este cenário de incertezas.

PIB e Natal

– O PIB brasileiro, neste ano, não vai crescer nada, ficará em zero. As vendas para o Natal podem aumentar marginalmente em relação a 2013. Não será nada expressivo.

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JEC e BMW

– Um fator subjetivo auxilia nos negócios: falo da iminente subida do JEC para a Série A do Campeonato Brasileiro de futebol. Quando há ânimo e comemoração, as vendas tendem a aumentar por força do espírito coletivo de otimismo e felicidade. A vinda da BMW – e de empresas formadoras da cadeia produtiva a sua volta – para a região Norte igualmente estimula psicologicamente a população, apesar de, aparentemente, não ter relação alguma com o comércio. Virão consumidores de alto padrão para cá.

Mercado local

– O ambiente de negócios em Joinville é uma grande incógnita. Um dos elementos a projetar incertezas passa pelo resultado das eleições presidenciais. A reeleição de Dilma Rousseff tem efeito de desapontamento no curtíssimo prazo. É possível que em meio ano esta sensação diminua e a percepção favoreça a estabilidade.

O pior ano

– O poder de compra dos consumidores está limitado pelos ganhos. A alta da inflação exige cautela na hora de comprar. O ano de 2014 é o mais difícil dos últimos 12 anos para o comércio. O encarecimento do custo do crédito e a redução de poder aquisitivo, em função da inflação, que não cede, são os fatores nesta conjuntura. O nível de expectativa do consumidor para os próximos meses está em 104 pontos, numa escala de zero a 200. Em 2009, ainda durante a crise financeira global, o índice era de 150 pontos. Desde então, há decréscimo de expectativas.

Mudanças

– Dilma vai ter de abrir mão de insistir no controle de tudo. O excessivo intervencionismo terá de acabar. A indústria está destruída. É a pior administradora desde Getúlio Vargas. Mudanças estruturais no governo são necessárias. Agora, ela não tem a quem culpar.

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