O JEC é o novo líder da Série B. Pelo menos, este é o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e dos auditores da 5ª Comissão Disciplinar que, após quatro horas de audiência, votaram por unanimidade a favor da vitória por 3 a 0 do Joinville sobre a Portuguesa, no julgamento que analisava o comportamento dos paulistas na primeira rodada da Série B.
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A Lusa coube escapar de ser excluída da Série B e, consequentemente, ser rebaixada à Série C do Campeonato Brasileiro. No entanto, o abandono de campo aos 17 minutos da primeira etapa puniu severamente o clube paulista e seus dirigentes. Argel Fucks pegou quatro jogos de gancho. Ilídio Lico e Marcos Lico foram suspensos por 240 dias de suas atividades, além de serem punidos com multas de R$100 mil e R$80 mil, respectivamente.
Cabe a Portuguesa recurso ao Pleno do STJD.
Confira abaixo como foi o julgamento no STJD na tarde desta quarta-feira:
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Julgamento:
Presidente da Lusa, Ilídio Lico, indiciado por desrespeitar o artigo 243-A do CBJD, assume culpa por equipe ter deixado o campo:
Trechos do depoimento, primeiro da tarde de quarta-feira:
– Quando comecei a ser ameaçado, assim que o time entrou em campo, não conseguia falar com ninguém. Meu filho Marcos Rogério estava no vestiário e lá o telefone não pegava. A ordem foi minha para apresentar a liminar e tirar o time de campo – disse, sobre o abandono de campo no dia 18 de abril.
O presidente disse ter se arrependido por tomar a decisão:
– Mandamos a equipe para Joinville. Se a liminar não caísse, jogaríamos. Tentaram derrubá-la, mas não conseguiram. Era uma liminar importante. Entendo de construção, não de parte jurídica. Mas sei que a liminar caiu no sábado. Aí pensei: “Poderia ter sido cassada antes. Fiquei muito chateado e arrependido. Tiramos muitas pessoas do estádio – concluiu
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Diretora da Lusa, Marcos Rogério Lico, indiciado por desrespeitar os artigos 243-A e 258-B do CBJD:
Marcos Lico conta como participou do episódio:
– Fui a Joinville porque minha esposa tem família lá. Na Arena Joinville, fomos todos para o vestiário e, após a reza, me levaram para a tribuna. Quando cheguei lá, o jogo já tinha começado. E foi aí que o meu telefone tocou. Era meu pai desesperado relatando tudo isso. Ou seja, 16 minutos foi o tempo necessário para descer, chamar o delegado do jogo e falar que a liminar não havia sido cassada – disse.
A exemplo do pai, diretor de futebol da Lusa isentou o técnico Argel Fucks de qualquer responsabilidade no episódio. Segundo presidente e diretor, Argel Fucks não sabia da liminar:
– Não conversamos com o técnico sobre isso. Nessa situação não temos que expor jogador ou treinador. Temos que blindar o máximo possível – defendeu.
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Segundo Marcos, a decisão de parar o jogo foi do Delegado Laudir Zermiani.
– Não. E não sei da onde surgiu essa história. Quem parou o jogo foi o delegado da partida. Chamei ele e falei que a liminar seguia de pé. Disse que era preciso parar o jogo porque o presidente estava sendo ameaçado em São Paulo.
Após uma série de perguntas de auditores e do advogado do Joinville, Marcos reafirmou que não foi ele quem paralisou a partida:
– Tenho a impressão de que o que motivou a decisão dele foi a liminar. Eu não abordei ele falando que tiraria o time de campo. Disse apenas que o jogo deveria parar por causa da liminar. Quem entrou em campo paralisando o jogo, na minha visão, foi ele – reafirmou Marcos.
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Depoimento do técnico Argel Fucks, acusado de desrespeitar o artigo 243-A do CBJD:
No meio de seu depoimento Argel se mostrou contrário ao posicionamento do clube:
– Eu tinha a convicção de que o que eu estava fazendo era ilegal – disse.
Pouco antes, o treinador, que já teve passagem pelo Joinville, disse ter sido informado da paralisação da partida primeiramente pelo delegado Laudir Zermiani e logo após recebeu uma orientação do diretor de futebol Toninho, que acatava uma ordem do presidente.
– Estou compromissado com meu caráter a dizer a verdade. Eu cumpro ordens. A partida transcorria tranquilamente até ser interrompida pelo delegado. Ele disse que era para parar o jogo. Estávamos bem no jogo e o delegado falou que ele iria parar. Comecei a retirar o time de campo e meu diretor de futebol me disse que era para tirar mesmo, por ordem do presidente – disse Argel.
O treinador fez críticas severas ao delegado Laudir Zermiani, que segundo ele não estava preparado para exercer a função:
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– Eu queria voltar, chegamos a aquecer. O delegado foi várias vezes ao vestiário. Estávamos bem no jogo. Sabíamos da chance de uma derrota por WO. Engraçado que ninguém para o jogo quando eu estou perdendo de 1 a 0. Seria espetacular. Se o delegado tivesse se informado mais… Eu perguntava para ele as coisas e ele tremia. O cara está despreparado para exercer a função dele – afirmou.
O técnico da Portuguesa foi contraditório aos depoimentos do presidente e do diretor Marcos Lico.
– Eu já sabia que tinha uma liminar. E tinha recebido uma ordem prévia de que o jogo deveria parar se a liminar chegasse. Mesmo não concordando, eu fiz. Era melhor não ter entrado em campo, do que entrar e sair no meio – constatou Argel Fucks.
Pausa:
Após os depoimentos, Alessandro Kishino, representando a Procuradoria, fez uma pausa antes de pedir acolhimento integral das denúncias aos envolvidos no caso.
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Defesas:
Em seguida, o advogado da Portuguesa, José Luiz Ferreira, teve 15 minutos para fazer a defesa do clube paulista. O magistrado negou todas imputações impostas ao clube, aos dirigentes e ao técnico Argel Fucks.
– A defesa nega veementemente todas as imputações sacadas contra si, os diretores e o técnico da Portuguesa. Não houve simulação, não houve fraude. O que aconteceu foi o desrespeito do cumprimento de uma liminar por conta da CBF – exclamou.
Após defender a postura dos dirigentes e do técnico, que segundo Ferreira, estavam respaldados por uma liminar, o advogado disse que o clube não agiu de má-fé e que não merece ser punido, antes de pedir a absolvição no caso.
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– Por todas essas razões, a denúncia deve ser rejeitada em seu todo. Os denunciados tomaram decisões baseados em uma ordem judicial vigente. Já o treinador acatou as ordens da diretoria”, diz o advogado da Portuguesa, terminando a sua defesa – finalizou.
Já o advogado Roberto Pugliese Júnior pediu para o STJD ressarcir os pontos e o dinheiro gasto na realização da partida, além da exclusão da Portuguesa da Série B.
– O entendimento do Joinville é que a Portuguesa tem de sofrer sanções de acordo com os atos realizados. Imagina se essa moda pega? O Joinville requer os pontos do jogo, o ressarcimento dos prejuízos daquela partida e a exclusão da Portuguesa do campeonato caso esse seja o entendimento – finalizou o advogado do Joinville.
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Resultado:
Voto do auditor-relator José Nascimento:
Deu vitória por 3 a 0 ao Joinville, votou a favor da correção da tabela de classificação da Série B. Não pediu a exclusão da Portuguesa da Série B.
Defendeu a aplicação de suspensão de quatro partidas para o técnico da Portuguesa. Além de votar a favor da suspensão do presidente Ilídio Lico e do diretor Marcos Lico por 240 dias, e multa no valor de R$100 mil e R$80 mil para cada um, respectivamente.
Voto do auditor Márcio Amaral:
Seguiu o voto do auditor-relator José Nascimento.
Voto do auditor Matheus Gregorini:
Também seguiu o voto dos colegas auditores
Voto do auditor Otávio Noronha:
Seguiu o relator.
Voto presidente da 5ª Comissão Disciplinar, José Perdiz:
Seguiu o relator.