Em um cenário de dívidas na casa dos R$ 50 milhões e sem competições nacionais para disputar em 2022, o Joinville Esporte Clube abriu um processo de recuperação judicial. O pedido foi distribuído à 4ª Vara Cível da Comarca de Joinville na última sexta-feira (20) e veio à tona nesta segunda (23), causando polêmica nos bastidores do clube.

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Se o pedido for aprovado, o JEC pode entrar oficialmente no processo de recuperação judicial e iniciar, com apoio e fiscalização da Justiça, um cronograma de pagamento das dívidas e acerto com os credores.

Na petição feita à justiça, o clube cita a dívida de R$ 46 milhões (em valores de 2018) e os resultados esportivos negativos dos últimos anos — que fizeram a receita cair drasticamente —, além da queda no número de sócios para em torno de 2 mil. No entanto, a diretoria afirma que as dívidas são “gerenciáveis” e apresenta um plano de pagamento com base em um fluxo de caixa projetado. O clube pede, também, a nomeação de um administrador judicial que iria ser responsável pelo processo de recuperação.

O processo gerou reclamação por parte do Conselho Deliberativo do JEC, que alegou não ter sido consultado antes do pedido à Justiça. Presidente do CD, Darthanhan Oliveira usou as redes sociais para criticar o ato, que chamou de “inaceitável”:

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“É inaceitável que uma diretoria ao apagar das luzes, queira decidir sozinha sobre pedido de RJ (recuperação judicial). Algo que pode comprometer o futuro do clube tem que ser debatido entre todos os poderes incluindo os sócios em Assembleia Geral. É uma questão de ordem legal, ética e de transparência”.

A situação coloca fogo nos bastidores do JEC em meio às tratativas para o clube se tornar uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol) — em um plano que era considerado viável para reestruturar e sanar as dívidas do clube. No fim do ano passado, uma comissão formada por conselheiros chegou a apresentar oficialmente o projeto de SAF, prevendo possíveis vendas de até 90% das ações do JEC SAF.

Peticionada na Justiça na última sexta, a ação de recuperação judicial do JEC ainda não foi analisada pelo juiz Luis Paulo Dal Pont Lodetti. Se ele acatar o pedido, o plano de recuperação é iniciado e apresentado a uma assembleia de credores. Se o plano for feito, aprovado e colocado em prática, mas não cumprido, o clube pode ir à falência,

Em Santa Catarina, o Figueirense e a Chapecoense já apresentaram também pedidos de recuperação judicial. A Chape, inclusive, teve o pedido aprovado três meses atrás.

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Com eleições marcadas para o final do ano, o JEC está sem competições no momento e aguarda, apenas, o início da Copa Santa Catarina, no segundo semestre do ano. A reportagem do AN e da CBN Joinville tentou contato com o JEC para comentar o pedido de recuperação, mas não teve retorno até a publicação da reportagem.

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