A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu nesta segunda-feira a promotora de eventos Jeany Mary Corner e mais sete pessoas, acusadas de envolvimento em um esquema de prostituição que opera em Brasília para atender clientes de alto poder aquisitivo.

Continua depois da publicidade

Segundo as investigações, Mary Corner é uma das três cafetinas que comandam o aliciamento e o tráfico de pessoas de várias partes do Brasil para fazer programas que custam até R$ 10 mil.

Presa nesta segunda-feira em sua casa, Mary Corner ficou conhecida por levar garotas a uma mansão frequentada pelo então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, no primeiro governo Lula. O ministro também usava a casa, chamada de “República de Ribeirão Preto“, para se reunir com lobistas. A presença de Palocci na casa, revelada pelo Estado, provocou um escândalo que resultou na queda do ministro.

Mais recentemente, a Polícia Federal, na Operação Miquéias, revelou que mulheres supostamente ligadas a Mary Corner, apelidadas de “pastinhas”, eram acionadas para convencer prefeitos a desviar recursos de fundos de pensão municipais.

Na operação – batizada de Red Light, em referência à famosa área de prostituição de Amsterdam -, além de Mary Corner, foram presas Marilene Fernandes de Oliveira e Vilma Aparecida Pessoa Nobre, acusadas de comandar outros dois esquemas de agenciamento. Nas casas das três, policiais da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) apreenderam computadores e agendas com os nomes de garotas e de supostos clientes.

Continua depois da publicidade

A delegada Ana Cristina Santiago, que comandou a operação, disse que o foco das apurações, iniciadas em junho a partir de denúncias de algumas mulheres, não são os clientes, mas as vítimas do esquema:

– Com eles, a gente não se preocupa. O crime é a exploração da prostituição.

Segundo ela, garotas que queriam deixar “a vida” eram ameaçadas pelas chefes. As cafetinas se encarregavam do aliciamento e do transporte delas, ficando com parte do valor pago, de acordo com as investigações.

Na casa de Vilma, foram apreendidos 11 veículos, alguns de luxo, que ficavam à disposição das garotas. Mary Corner não quis falar em depoimento ontem. Entre os outros presos estão o marido dela, Paulo Jorge Corner, e um policial militar. Todos são acusados de trabalhar no apoio ao esquema.

O grupo vai responder por favorecimento à prostituição, rufianismo (tirar proveito dessa atividade), associação criminosa e tráfico interno de pessoas. As prisões são temporárias (cinco dias). O advogado Rodolfo Moreira Alencastro, que se apresentou como defensor de Mary Corner, Paulo Jorge, Angela e Marilene, não se pronunciou.

Continua depois da publicidade