Na última semana de campanha na disputa pela prefeitura de Blumenau, Jean Kuhlmann (PSD) trata de dizer que não está atacando o adversário em seu programa de TV e que as críticas são referentes aos problemas que enxerga na cidade.
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Confira a entrevista ao Santa, na qual o candidato afirma que não teme repetir a eleição de 2012 e fazer no segundo turno menos votos que no primeiro. E ele crê que pode reverter o cenário porque pensa diferente do adversário, principalmente nas questões do transporte coletivo.
O seu programa de TV do segundo turno mostra aspectos negativos da atual gestão. Na sua visão, foi importante para o eleitor que você começasse a ser mais agressivo no tom da campanha contra o Napoleão?
Jean – Na verdade não é uma campanha contra o Napoleão. Se eu digo para as pessoas que uma das minhas prioridades é criar vaga em creche e reduzir a fila de espera, se eu não deixar claro para as pessoas que há hoje 5 mil crianças precisando de uma vaga na creche, qual é a finalidade dessa minha proposta? A finalidade é resolver um problema, então eu tenho que mostrar a situação que vive a cidade e o que eu quero fazer para resolver. Toda a cidade tem que entender o problema para poder entender a minha proposta de solução. O Napoleão oculta os problemas da cidade. Tenho que apresentar os problemas e as soluções.
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Para muitos eleitores, o tom ficou mais duro. E na sua primeira entrevista concedida ao Santa como candidato, você disse que “o eleitor não quer mais porrada”…
Jean – Não estou dando porrada. Dizer que tem 5 mil crianças esperando uma vaga em creche, é porrada? Não é. Dizer que o transporte coletivo de Blumenau está ruim? Uma coisa é ofender, dizer que o prefeito é isso, é aquilo, é outra coisa. Em nenhum momento digo que ele é alguma coisa, ou que ele deixa de ser alguma coisa. Demonstrar a realidade de uma cidade é papel da oposição. Como acho que a cidade não está boa, tenho que mostrar a realidade.
Até onde o resultado do primeiro turno serve como balizamento para essa disputa do segundo turno? Você entende que precisa reverter a desvantagem de 17,6 mil votos, ou agora é uma disputa à parte?
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Jean – É muito volátil, né? Nesse aspecto acho que o eleitor vai tomar uma nova decisão, entendo que o segundo turno começa zerado. O segundo turno é uma nova eleição no meu entender.
Para quem está indeciso, o voto pode se definir no detalhe. Qual é a vantagem para o eleitor em escolher o Jean?
Jean – O Jean pensa diferente. Defendo o (edital do) transporte coletivo com dois lotes, não em lote único, porque entendo que nós temos de ter o direito de comparar os serviços, poder aprimorar os serviços. Defendo que a gente tem que desafogar o Hospital Santo Antônio, e para isso não basta você ter Ambulatório Geral atendendo até a meia-noite porque ele não vai ter pediatra atendendo, por exemplo. Então, não resolve. Entendo que deve ter um Pronto-Socorro novo e criar outros modelos de resolver os problemas de creche. E que não seja só ampliar, reformar e construir creche nova. Entendo que a gente tem que fazer uma guarda de trânsito não apenas para cuidar do trânsito ou de multar com aquele radar móvel. Tem que transformar em uma guarda municipal, que vai trabalhar de forma setorial, como se fosse uma polícia comunitária. Tenho essas diferenças e o eleitor que quer uma cidade diferente tem que pensar em propostas diferentes.
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Você teme resultado totalmente adverso como o da eleição de 2012, em que você fez menos votos no segundo turno do que no primeiro?
Jean – É um conceito. O que aconteceu naquela eleição? Todo mundo se juntou contra mim. Os caras trabalharam para tirar o meu voto. Agora, a tendência na minha cabeça é que o eleitor que não votou nele (Napoleão) no primeiro turno, não vote no segundo. Essa é uma tendência. Mas o que a gente percebe é uma eleição muito dividida, onde você não tem um resultado definido e, realmente, que essa definição se dará na última semana. Entendo que se dará muito pela decisão dos (votos) brancos e nulos do primeiro turno.
O que leva você a querer governar uma cidade com dificuldade de receita, incerteza sobre o pagamento da folha salarial e incapacidade de investimentos?
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Jean – Esse é o desafio. Se fosse uma coisa para não fazer nada, não teria motivo para ser candidato. O grande desafio é gestão. Tem alguns casos em que jogaram dinheiro fora. Aluguéis de imóveis que ficaram um ano sem ser utilizados.
A militância adversária fala que você não ajudou Blumenau durante o seu mandato na Assembleia Legislativa. Quantos encontros oficiais, registrados em ata, aconteceram entre o deputado Jean e o prefeito Napoleão nos últimos quatro anos?
Jean – (Risos). Acho difícil. A gente conversou na Assembleia algumas vezes, teve reuniões com o governador (Raimundo Colombo, do PSD) algumas vezes. A gente não grava, não registra isso, né? Mas só com o governador teve umas cinco, seis. Na época da enchente (em 2013) eu estive aqui, em visitas do governador eu estive aqui, em Brasília eu o acompanhei. Ele inaugurou o Ambulatório Geral Guilherme Jensen, lá da Itoupava Central, no início do mandato dele, nem me convidou. Daquele recurso, R$ 500 mil fui eu que consegui, via Fundo Social (programa do governo do Estado). A gente conseguiu dinheiro de 90% do Dique da Fortaleza e ele nem sequer agradece o Governo do Estado por isso, diz que a obra é dele. Ele terminou a Ponte do Badenfurt, em que o Estado colocou R$ 15 milhões para desapropriações, e na propaganda não tem coragem de dizer que o Estado ajudou.
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O seu vice não terá salário e, conforme você mesmo disse em entrevista ao Santa na campanha de primeiro turno, deve continuar trabalhando na mídia. Se você vencer a eleição, assumir a prefeitura e houver um fato desfavorável à administração, como o governo vai lidar com isso?
Jean – Se tiver alguma notícia desfavorável, tem que ser noticiada. Em nenhum momento vou pedir pra alguém ocultar, ou tratar alguma notícia de forma diferente. Até porque se tiver alguma notícia ruim, quero ser o primeiro a saber para poder tomar as medidas e resolver o problema. Não vou tapar o sol com a peneira.
Já debatemos propostas à exaustão no primeiro turno, mas tem algo que você ainda não teve a oportunidade de dizer ao eleitor?
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Jean – O transporte coletivo é algo que a gente quer debater muito forte nesses últimos dias. Não consegui deixar claro ainda como eu gostaria para as pessoas o benefício dos dois lotes: quero dividir a cidade em duas regiões, que tenham as mesmas quantidades de linhas, horários, mesmo peso dentro do sistema, mas que tenham regiões geográficas diferentes, que vão ser licitadas individualmente. Quero estudar a possibilidade legal para que uma mesma empresa não possa participar dos dois processos, porque senão não faz sentido. Quero fazer duas licitações distintas, porque se a empresa A quebrar, tenho a empresa B que pode, de uma forma emergencial, suprir a deficiência da outra. Até que se faça uma nova licitação. Já erramos uma vez deixando em lote único. Quebrou? Quebrou, a cidade ficou sem ônibus. Assim, não. Primeiro, tenho essa posição que me dá mais condições em casos emergenciais. Segundo, também tenho condições de que a população faça uma comparação dos serviços das duas empresas: a limpeza dos ônibus, a pontualidade do serviço, a qualidade com que ele é tratado. E esta comparação vai dar ao poder público maior legitimidade, mais força, para poder melhorar o serviço.