JBS anuncia fim de produção em frigorífico no Sul catarinense

A JBS anunciou nesta semana que irá encerrar as atividades da unidade de abate de aves em Morro Grande, no Sul de Santa Catarina, até 31 de outubro. De acordo com a empresa, a decisão faz parte de um processo de otimização e racionalização da malha produtiva. A fábrica tem cerca de 740 trabalhadores — conforme o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Criciúma e Região, pelo menos 500 seriam demitidos e os demais, transferidos para outras unidades. A companhia não confirma o número de desligamentos.

Segundo o diretor do sindicato dos trabalhadores, Célio Elias, há uma negociação em curso para contornar o impacto financeiro da decisão para o município de Morro Grande. A cidade, a 50 quilômetros de Criciúma, tem 2,9 mil habitantes.

— Estamos discutindo uma compensação financeira. A economia do município gira em torno da fábrica. Perto de 80% da arrecadação vem da indústria — afirma Célio.

De acordo com a JBS, a produção de aves de Morro Grande será absorvida, prioritariamente, pelas unidades vizinhas de Forquilhinha, Nova Veneza e São José e por outras fábricas que a empresa mantém no Estado. Além disso, a fábrica não será totalmente fechada e continuará funcionando na produção de rações e outros itens agropecuários.

“A empresa oferecerá aos colaboradores da área de processamento de frangos a possibilidade de transferência para outras unidades no Estado, limitada às vagas abertas em cada planta. Para os que não manifestarem a opção pela transferência, a JBS promoverá o desligamento, de acordo com a legislação”, diz a companhia, em nota.

Produtores integrados

Célio também prevê que um quarto dos produtores de frangos da região que abasteciam as unidades serão desligados. A planta abate cerca de 56 mil cabeças por dia. Em 2016, antes da crise se aprofundar, esse número chegava a 110 mil.

— Eles (JBS) disseram que o mercado não está reagindo. A gente acompanha essa crise há dois anos.

O acordo de demissão está sendo elaborado entre sindicato, empresa e o procurador do trabalho Sandro Sardá, que confirma a discussão sobre uma compensação financeira, mas não deu mais detalhes.