A Secretaria de Saúde de Jaraguá do Sul promete lançar neste mês dois editais que pretendem diminuir a fila de espera por consultas e exames. Um deles prevê a compra de consultas especializadas em clínicas particulares e o outro é para a contratação de especialistas em regime temporário.
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Também há a intenção de fazer um mutirão nos hospitais para aumentar a oferta de exames por imagem. Levantamento mostra que em abril havia 12.178 consultas represadas em 32 especialidades, enquanto 16.235 pacientes aguardam por exames e cirurgias eletivas.
O secretário de Saúde, Ademar Possamai, não soube informar quantas consultas serão compradas nas clínicas particulares e nem quando iniciam-se, porque os dois processos licitatórios estão em fase de análise pelo setor jurídico. Mas a prioridade será de algumas especialidades em que a fila é maior, como angiologia (varizes), oftalmologia e ortopedia (confira no quadro). Os atendimentos devem começar no segundo semestre.
Já abertura de processo seletivo para especialistas prevê a contratação de médicos para dez especialidades, pelo período de um ano. Segundo Possamai, a iniciativa deve garantir mais agilidade nos atendimentos enquanto transcorrem os trâmites burocráticos do concurso público que a Prefeitura pretende abrir em dezembro, para contratação de médicos efetivos. Hoje, a Secretaria de Saúde conta com 90 médicos.
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Para realizar o mutirão de exames de ultrassonografia, a secretaria conversa com representantes dos hospitais São José e Jaraguá. Para isso, o hospital interessado deverá firmar convênio com uma clínica particular para prestar o serviço pelo SUS, com preço diferenciado regulado pelo Consórcio Intermunicipal de Saúde do Nordeste de Santa Catarina (Cis/Amunesc), entidade da qual Jaraguá do Sul é associada. A intenção é oferecer cerca de mil exames por mês com o mutirão. Hoje, são disponibilizados mensalmente 600 procedimentos.
Hoje, o exame com maior demanda é o de ecografia: 7.640 pessoas dependem dele para diagnosticar possíveis problemas de saúde.
– Esse acúmulo ocorre principalmente, porque é um exame solicitado em várias especialidades, por garantir imagens em boa resolução e um diagnóstico mais preciso – explica Possamai.
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A fila também traz casos de pacientes que solicitaram consultas em 2008 e 2009. Possamai afirma que essas situações corresponderiam a pacientes que foram procurados pela equipe de saúde e não localizados, ou de pessoas que teriam as consultas agendadas, mas não compareceram.
Dificuldade na contratação
De acordo com Possamai, a cidade enfrenta uma dificuldade histórica para contratar médicos, o que aumenta a fila de espera. No ano passado, sete especialistas pediram demissão depois que a administração municipal exigiu o cumprimento da carga horária. Os profissionais decidiram sair por incompatibilidade de agenda, já que também mantinham consultórios particulares e não conseguiam conciliar as atividades.
Um concurso público foi realizado e quatro novos médicos foram contratados – um otorrinolaringologista, um dermatologista, um neurologista e um psiquiatra. No entanto, Jaraguá está sem angiologista porque nenhum especialista se inscreveu. Hoje, apenas pacientes que precisam de consulta pré-operatória na área recebem atendimento. Eles são encaminhados para hospitais de cidades que abrem cotas de consultas para pacientes de outros municípios. Consultas consideradas não urgentes não estão sendo oferecidas.
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Segundo Possamai, a Prefeitura também precisa contratar com urgência mais dois cardiologistas e um ortopedista. Atualmente, o município conta com apenas um cardiologista e dois ortopedistas, mas um deles irá se aposentar.
Para atrair mais especialistas, a Prefeitura reajustou o salário dos profissionais em 30% em 2013. Hoje, o salário inicial é de R$ 17.791,58 para um especialista com carga horária de 40 horas por semana; R$ 13.238,57 para um clínico-geral que cumpre 40 horas por semana; R$ 8.895,79 para um especialista com carga horária de 20 horas; e R$ 6.619,28 para um clínico-geral contratado também para 20 horas semanais
Mais de um ano aguardando
A dona de casa Carime Jussara Araújo, 56 anos, aguarda há mais de um ano para fazer uma colonoscopia por causa das cólicas que costumam incomodá-la. No ano passado, depois de uma semana com fortes dores, um médico a encaminhou para o exame porque o ultrassom que ela fez antes não constatou problemas no intestino. O protocolo de requisição foi emitido no dia 2 de abril de 2013 e até agora a dona de casa não foi chamada.
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– Cinco meses depois, fui ao Centro Vida e disseram que tinha 400 pessoas na minha frente, com casos mais urgentes. Continuo sentindo as dores, mas não sei quando vou ser atendida – comenta.