O menino Wellington Luís Kruger, de dez anos, começou a se comunicar aos cinco anos quando a língua brasileira de sinais (Libras) foi introduzida em sua vida. Antes disso, sua comunicação era limitada porque usava apenas a mímica. Ao chegar à Escola Municipal Cristina Marcatto, a intérprete de Libras Cristiane Albano Marquetti foi mais que tradutora das aulas em que Wellington participava. Ela ensinou Libras ao aluno e à mãe do garoto, Marli Kruger.
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Além de Wellington, há mais oito estudantes surdos na rede municipal de ensino que chegaram até as escolas sem ser alfabetizados na língua dos sinais. Esse cenário pode mudar. Depois de uma batalha de três anos, o cargo de professor de Libras foi criado neste mês em Jaraguá do Sul por meio do decreto 5.626. A medida prevê que o professor seja preferencialmente surdo, pois sua língua materna é a Libras.
A gerente de educação especial do município, Kathlen Hass da Rocha, observa que há essa preferência porque ele compreende melhor o universo da surdez.
Esse profissional deve chegar às escolas por meio de concurso público. O último vence em novembro, por isso acredita-se que a seleção seguinte seja lançada ainda neste ano com a inclusão do novo cargo. O professor poderá ensinar a língua dos sinais para os surdos desde pequenos, aos profissionais da educação e à comunidade.
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Kathlen destaca que pessoas com perda auditiva devem iniciar os estudos de língua de sinais o mais cedo possível.
_ Quando bebês já podem ensinar gestos básicos, como informar que está com fome ou com vontade de ir ao banheiro _ diz.
Para a intérprete Cristiane, o professor será fundamental para o desenvolvimento de um trabalho com essas crianças. Ela observa que as pessoas com surdez estão cada vez mais inseridas no mercado e ter uma educação de qualidade é um direito básico.
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O médico Marcio Carlos de Freitas ressalta que a Libras é mais uma ferramenta de comunicação que todas as pessoas deveriam desenvolver.
Linguagem de sinais trouxe crescimento
Marli Kruger, mãe do aluno Wellington, relembra que teve uma gestação normal, mas que o filho não respondia aos estímulos auditivos. A família procurou intervenções cirúrgicas por algum tempo, mas a Libras foi a alternativa para desenvolvimento do menino que está no 5º ano do ensino fundamental.
_ Você não sabe o que fazer quando seu filho é diagnosticado com algo irreversível. Demoramos a aceitar, mas hoje já fizemos curso de Libras para dar uma vida melhor para ele.
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Se Wellington tivesse tido um professor desde pequeno, seu vocabulário estaria mais avançado, explica a intérprete Cristiane Albano Marquetti. Ela está há quase seis anos trabalhando com o garoto, que adora tecnologia e se esforça na escola para manter um bom relacionamento.
_ A maior dificuldade dele é língua portuguesa, porque ele ainda está sendo alfabetizado em Libras _ destaca Cristiane.
Com a timidez da idade, Wellington conta que gosta de ir para a escola, mas não é muito fã de matemática. A mãe afirma que Wellington é muito observador, por isso desenvolveu habilidades para usar o computador.
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