Nesta segunda-feira, Jaraguá do Sul amanheceu marcada pelos tons de marrom, sinal deixado pelas águas que alagaram ao menos 130 pontos da cidade entre o sábado e o domingo. Nas ruas, o lodo foi retirado aos poucos, tanto pela população quanto pelos caminhões contratados pela Prefeitura para fazer a limpeza.

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Com um acumulado de chuvas de 372 milímetros, Jaraguá foi uma das cidades mais afetadas pela enchente. Estimativas da Defesa Civil Municipal apontam que 70 mil pessoas foram afetadas.

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Pela manhã, algumas famílias começaram a deixar o abrigo municipal, no Parque de Eventos. Durante o fim de semana, 91 pessoas ocuparam o espaço, que ofertou camas, alimentação e serviços médicos. Até o fim da tarde de segunda-feira, 41 pessoas deixaram o local.

Apesar de a inundação ter baixado em toda a cidade, muitas casas estão sem água encanada, impedindo a limpeza dos lares. Com isso, muitos foram obrigados a estender o período de permanência no abrigo municipal. Xenia Raquel da Silva é umas pessoas que buscou apoio no abrigo. Na manhã de segunda-feira, ela ainda não tinha previsões de retornar para sua casa, na Vila Lenzi.

– Fizemos plataformas em casa e levantamos o que deu, mas não sabemos se caiu ou não. Essa é a primeira vez que a água chega lá _ lamenta Xenia.

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Com água na cintura, ela e seus familiares saíram da casa, com apoio da Defesa Civil. Xenia ainda lembra da velocidade com a qual a água invadiu sua residência, deixando pouco tempo para ações ou para reunir os pertences antes de sair. Para trás, ficaram os animais da família, em local seguro, porém impossibilitados de acompanhar as donas. Segundo a assistente social da secretaria de Assistência Social, da Criança e do Adolescente, Mariza Kopelke, o último ano em que foi necessária a criação de abrigos foi em 2011.

A Prefeitura foca toda sua atenção na reestruturação da cidade: todas as secretarias estão envolvidas no trabalho. Segundo o Prefeito Dieter Janssen, a prioridade é a limpeza de casas e ruas e o reabastecimento de água potável, além de buscar recursos para auxiliar no reparo dos danos.

– Estamos percorrendo a cidade e fotografando tudo, para tentar viabilizar o saque do Fundo de Garantia. Agora estamos trabalhando para fazer tudo o mais rápido possível _ explica o Prefeito.

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Nesta terça-feira, o governador Raimundo Colombo deve visitar Jaraguá do Sul. Durante a visita, serão solicitados recursos estaduais para a reconstrução da cidade.

Nesta semana, ainda há espaços seguem fechados. As escolas municipais e estaduais seguem sem aulas nesta terça-feira. A Biblioteca Municipal também está fechada. O posto de saúde da Rua Reinoldo Rau, no Centro, está fechado por tempo indeterminado, assim como a Farmácia Popular (ao lado do Posto da Rua Reinoldo Rau).

Para esta semana, o tempo deve permanecer estável. Na quinta-feira, há previsão de chuva moderada. Quem mora perto de encostas deve ter atenção, já que a terra continua encharcada e há riscos de deslizamento. Foram atendidos mais de 50 casos de deslizamento de terra na cidade.

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Agilidade no atendimento

A ação da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros de Jaraguá do Sul, em conjunto com voluntários e clubes, resultou em respostas rápidas para as situações de risco da população. O resultado positivo é visível: não houve feridos ou mortes.

Para o diretor de respostas da Defesa Civil da cidade, Maicon Leandro da Costa, a eficácia do serviço é resultado de um conjunto de fatores: desde a ágil ação da Prefeitura ao mobilizar equipes e decretar o estado de emergência, passando pela experiência adquirida pela equipe da Defesa Civil e apoio incondicional de voluntários e Corpo de Bombeiros.

Participaram dos resgates diversos clubes, entre eles o Jeep Club, Gerar, Clube de Canoagem Kentucky e Clube de Trilheiros. Costa ressalta que sem o serviço de desassoreamento dos rios e a construção de galerias, a enchente deste ano poderia ter sido ainda pior. Mesmo assim, esta é considerada uma das maiores inundações da história de Jaraguá do Sul.

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_ Sempre tem que haver a manutenção do desassoreamento dos rios. Com essa quantidade de chuva, será necessário fazer novamente. Neste ano, a percepção de riscos foi muito ágil, há mais compreensão. A Prefeitura agiu ao alertar a comunidade, e a comunidade absorveu essa percepção. Em algumas casas que chegamos, as pessoas já haviam saído _ conta ele.

O trabalho de avaliação de riscos feito pela Defesa Civil continua e a população pode entrar em contato pelos telefones: 2106-8209 ou 199.