Quando quer deixar sua casa e ficar mais perto da natureza, o casal Josielcio Lecim, 28, e Laudineia Terres, 30, atravessa a cidade, saindo do bairro Três Rios do Sul e indo até o Parque Malwee. Lá é o ponto de encontro com amigos, o espaço para tomar chimarrão e passear. A família de Sidnei e Vandelina Adriano também. Moradores da Barra do Rio Cerro, próximo ao parque, eles usam com frequência o espaço nos fins de semana – eventualmente, ainda viajam até Joinville para apreciar o Zoobotânico. Danielle Rocha, 24, e Thiago Santos, 28, também são frequentadores do Malwee, saindo do Centro para frequentar o parque. Para todos, mais espaços de verde e natureza são um desejo.
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O Parque Malwee é um dos destinos certeiros em Jaraguá do Sul para quem busca áreas de natureza e lazer. Com poucos espaços alternativos na cidade, o parque privado concentra boa parte da população que deseja um momento de descanso. A necessidade de criação de novos espaços é latente, incentivando a população, associações de moradores e a própria Prefeitura a buscar alternativas.
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Segundo o presidente da Fundação Municipal de Esportes e Turismo, Jean Leutprecht, o município conta com 73 áreas de lazer, em 33 dos 38 bairros da cidade. Entre elas, estão, principalmente, parques infantis (são 42), campos de areia e academias ao ar livre. São, em sua maioria, pequenas áreas localizadas em bairros. Para esses locais, um projeto de revitalização e manutenção está pronto, com reparos que deixarão livres 80 áreas na cidade até o fim do ano.
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A Câmara de Vereadores já fez um repasse de verbas no valor de R$ 1,5 milhão, com sugestão para uso nas reformas, porém o prefeito Dieter Janssen e o secretário de Administração, Ademir Possamai, ainda estão avaliando a destinação do repasse. Segundo Possamai, a baixa arrecadação de 2015 trouxe uma defasagem financeira, e diversas frentes necessitam de recursos. Uma reunião ocorre hoje e há expectativa de definir o destino do recurso.
Desafios para implantação
Essas áreas urbanas, porém, atendem a um público pequeno, mais restrito e específico. A necessidade de espaços mais amplos está sendo visualizada, e a reinauguração do Ginásio Arthur Müller evidenciou a carência da população. Reaberto há um ano, o ginásio rapidamente foi apropriado pelos jaraguaenses, que lotam suas quadras nos fins de tarde e finais de semana.
Para Leutprecht, o espaço indica uma tendência que deve ser adotada em outros locais: o uso de uma área grande com diversas opções para a população, atendendo a mais de um bairro. No Arthur Müller, há pista de skate, parque infantil, cestas de basquete, bancos e aparelho para exercícios. Isso além da quadra principal, que é constantemente alugada para eventos.
– A diversidade demonstrou que dá certo. Nosso problema, porém, é encontrar espaços com esse tamanho na cidade, devido ao crescimento e ao parcelamento dos terrenos – explica ele.
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Por esse motivo, ele ressalta a importância de adequar as áreas existentes. Ele também lembra da proposta de abrir as escolas nos fins de semana para a comunidade, disponibilizando seus ginásios e pátios. Para Jean, o investimento é em qualidade de vida e saúde, já que esses são espaços comuns de prática esportiva.
– É uma série de ações com a qual a comunidade apenas ganha – defende.
Um olhar para o rio
Arquiteta e urbanista, Ruth Borgmann é uma das vozes que pedem atenção a esses espaços. Apesar de morar nos Estados Unidos há oito anos, sua ligação com Jaraguá do Sul é forte e continua se mantendo pelo trabalho. É do país norte-americano que nasceram muitas inspirações para Jaraguá – a cidade de Spokane, com 280 mil habitantes, possui 80 parques e praças. Ruth lembra que parques podem ter muitos formatos.
Entre eles, gramados, espaços para shows ao ar livre, cancha de bocha e tênis, jardim botânico, pedalinhos e caiaques em rios. Em sua página pessoal no Facebook, a arquiteta criou quatro projetos que poderiam ser aplicados na cidade catarinense. Em todos, o rio é um elemento principal, as árvores estão presentes, há espaço para passeios, atividades esportivas e de lazer.
– Acho que estamos perdendo o maior potencial urbanístico da cidade, que é o rio, para o poder privado. Ele deveria estar aberto para todos o receberem e o usufruírem nas mais diferentes formas de uso e contemplação. Estamos encurralando ele nos fundos de quintais, o escondendo – defende.
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O potencial dos rios jaraguaenses também chamou atenção da equipe do Instituto Jourdan. É lá que foi criado o projeto para um parque na Ilha da Figueira, integrado ao projeto da Via Verde. A ideia é que o espaço tenha brinquedos, lanchonete, pista de skate, pista de caminhada e quadras para esportes como vôlei e basquete. Apesar de o terreno ainda não estar definido, o projeto prevê 26 mil metros quadrados de parque.
– Aquela é uma área de inundação e no projeto aproveitamos isso, não há problema se encher, não há destruição do espaço. O rio é parte da paisagem, não vamos dar as costas para o rio – explica a arquiteta do Instituto Jourdan, Cristiane Lucht Gascho.
O orçamento do parque ainda não está finalizado, porém o deputado federal Mauro Mariani indicou que deve auxiliar na busca por verbas. Além do parque na Via Verde, há outro grande projeto na cidade: a revitalização da área externa da Arena Jaraguá, que também deve abrigar quadras, pistas e outros equipamentos de lazer.