A septuagenária japonesa conhecida como “viúva negra” foi condenada à morte nesta terça-feira pelo assassinato de três cônjuges e pela tentativa de matar outro, ao final de um julgamento que sacudiu o Japão.
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Chisako Kakehi recebeu o apelido de “viúva negra” em referência à aranha que devora seus machos após o acasalamento. Também é chamada “envenenadora” porque utilizou cianureto para matar as vítimas.
“A acusada fez com que as vítimas bebessem um composto com cianureto, com intenções homicidas nos quatro casos”, disse o juíza Ayako Nakagawa, do tribunal de Kioto, onde o julgamento acontecia desde julho.
Os três assassinatos e a tentativa foram premeditados e “bem preparados”, completou a magistrada, que disse “não ter outra opção” a não ser enviar a acusada para a forca.
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Kakehi não mostrou nenhuma emoção ao ouvir a sentença. A mulher, que usa aparelho auditivo, havia solicitado à juíza que falasse mais alto.
A justiça não aceitou os argumentos da defensa de que Kakehi sofre de demência e não poderia ser considerada responsável penalmente.
No ano passado, vários exames confirmaram a demência, mas em um estágio precoce, o que não impediria o julgamento.
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Os promotores afirmaram que os homens faleceram depois que designaram a acusada como herdeira de seus patrimônios.
Em mais de uma década, ela conseguiu amealhar uma fortuna de 1 bilhão de ienes (8,7 milhões de dólares) ao receber os seguros de vida dos cônjuges e herdar os imóveis e contas bancárias das vítimas, segundo a imprensa japonesa.
Depois ela perdeu a maior parte do dinheiro em operações financeiras equivocadas e em novembro de 2014 foi detida.
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A juíza Nakagawa declarou que Kakehi matou “por amor ao dinheiro”.
Desde a morte de seu primeiro companheiro em 1994 após uma doença, ela manteve relacionamentos com vários homens e seis deles faleceram, de acordo com a imprensa nipônica.
Kakehi se casou com quatro deles, que conheceu por meio de agências de relacionamento. Os alvos eram sempre homens mais velhos, ricos, sem filhos e que moravam sozinhos.
As autoridades encontraram cianureto nos corpos de pelo menos dois de seus ex-cônjuges e os investigadores encontraram vestígios de veneno no lixo de sua casa em Kioto.
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Em outro apartamento que tinha na mesma cidade, a polícia encontrou material para administrar remédio e livros de medicina.
Durante o julgamento, a acusada alegou inocência em um primeiro momento, antes de se recusar a prestar depoimento. Mas em julho provocou uma grande comoção quando confessou o assassinato seu quarto marido, em 2013.
“Eu o matei (…) porque dava milhões de ienes para outras mulheres, mas não dava nada para mim”, afirmou no tribunal.
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Em outro momento do julgamento, afirmou ao júri que estava pronta para enfrentar a pena de morte.
“Se for executada amanhã, morrerei com um sorriso”, disse.
Os advogados da “viúva negra”, no entanto, decidiram recorrer contra a sentença, o que pode prolongar o processo judicial.
* AFP