Não é estreante e nem revelação na área, trabalha desde os anos 1980. As esculturas retratando os mineiros da sua terra já emocionaram muita gente. Mas Janor vai mais longe, arrasa no desenho e tem feito também instalações. O maior atestado da sua competência é a próxima exposição que o catarinense tem marcada para, no próximo dia 11, no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), em São Paulo.

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Não é fácil um artista fora do circuito Rio- São Paulo ganhar destaque e reconhecimento, mas este bravo talento do Sul do Estado está entre os raros que está conquistaram territórios respeitáveis. Janor também é empresário da área da saúde, tem um centro auditivo em Criciúma. Mas são seus olhos, as mãos e o coração que estão ganhando destaque nacional, ao lado de novos expoentes do Estado, alguns deles estão nesta edição da revista Donna.

Que lugar a arte ocupa na sua vida?

Na infância já tinha facilidade para desenvolver desenhos. Com sete anos a arte começou a fazer parte da minha vida, vem desde lá. Até hoje o desenho me acompanha em todos os sentidos, o tempo todo. É onde eu me encontro. Trabalho em um centro auditivo, não tem nada a ver com arte, mas, ao mesmo tempo, o fato de estar na clínica que faz exames de ouvido, por incrível que pareça, é onde tenho contato permanente com o universo que retrato, que é o dos mineiros.

E de que forma os mineiros da sua terra natal marcam a sua arte?

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Sempre pensei em fazer algo a respeito dos mineiros porque é algo da cultura de Criciúma. Nos anos 1980 fazia desenhos de edificações e fui contratado para fazer projetos de arquitetura de subsolo. Fiquei por muito tempo em galerias subterrâneas numa mina de carvão envolvido com o projeto e em contato, conhecendo histórias, vivências, o dia a dia, o perigo. Era um período de transição, quando ainda não havia tanta segurança. A área onde eu ficava era próxima ao vestiário. Vi muitas cenas dramáticas. Toda esta carga, acabei trabalhando na arte, transformando- os em personagens.

Qual a importância desta exposição no MuBE?

Em primeiro lugar para a carreira, porque é a minha primeira exposição fora de Santa Catarina, a primeira em São Paulo. De certa forma levo Santa Catarina para São Paulo, um grande centro, algo que pode servir para outros artistas também ficarem antenados sobre a importância de não ficar só no local.

Como é submeter o trabalho a um curador? Como você vê o papel do curador?

É importante. Posso falar da experiência com o Carlos Franzoi. Conhecendo o espaço expositivo é possível ter uma noção do que o artista e o curador podem fazer neste ambiente. O resultado é sempre o conjunto dessas duas pessoas, que devem ser questionadas, não só o curador. Claro que o curador é um profissional que dará uma roupagem melhor ao evento e melhor direção ao trabalho, mas ele tem que respeitar a ideia do artista.

Como você situa a relação entre arte e mercado?

O artista precisa pensar no mercado, trabalhar com arte contemporânea é um outro universo. Tive um desafio, meu trabalho era mais voltado para a figuração, mais acadêmico e senti a necessidade de mudar. As galerias, que têm força no mercado, também tiveram esse pensamento, de crescimento. Tudo, o mercado e o trabalho acabam se ajustando. Com as orientações, minha obra deu uma grande modificada, fortaleceu- se nas galerias com as quais atuo, o Escritório Helena Fretta e a Casa Açoriana, em Florianópolis, e a ZZ, em Balneário Camboriú.

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E como vê o futuro do homem e da sociedade?

A gente está sempre em crescimento, em evolução constante. Hoje no Brasil uma geração de jovens está nas ruas. As coisas mudam muito rápido, vários pensamentos do passado são diferentes, há outros questionamentos, temos a televisão, a internet, os meios de comunicação, tudo é muito rápido, o que dá medo, porque a gente quer o melhor. Cada um faz a sua parte. Ser for uma pessoa do bem, tudo ao seu redor será do bem também, não tem como ser pior. Se for de boa índole, aqueles que estiverem ao seu redor também vão se sentir bem, tudo estará em harmonia. Eu acredito no bem.