O volante que segurou o meio de campo do Avaí para dar o 1º título à Chape
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No final de 1976, a Chapecoense contratou o técnico Edegar Ferreira, do Atlântico de Erechim (RS). E o reforço que ele pediu foi um centromédio, equivalente hoje ao volante, do Lajeadense-RS chamando Janga.
– Se trouxer esse cara, seremos campeões – disse o treinador do Verdão.
Um dos diretores da época, o atual presidente da Chapecoense, Plínio David De Nes Filho, foi buscar o jogador e teve que convencer a mãe dele a liberá-lo.
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Janga chegou e a profecia se concretizou. A Chapecoense, que no início era uma zebra, fez uma bela campanha e chegou com a melhor campanha na final.
O jogador do Verdão recorda que havia apenas uma arquibancada de madeira, onde atualmente é a ala leste, e muitas pessoas assistiam ao jogo num barranco fora do estádio.
Janga lembra que a final foi disputadíssima e o Avaí tinha um meio de muita qualidade, com Almir, Renato Sá e Balduíno. No ataque, Lico, que foi campeão mundial pelo Flamengo, em 1981.
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– O time deles era bom, tinha jogadores técnicos e que depois foram para grandes clubes – conta.
Mas a Chapecoense já tinha nascido com o perfil de um time de muita força.
– Nós tínhamos um time de muita pegada, garra. Naquele tempo, dava carrinhos e a torcida levantava. Até hoje o pessoal me vê no estádio e lembra – afirmou Janga, que atualmente vende cachorro-quente na Arena Condá em seu food truck personalizado.
O gol do primeiro título veio aos 40 minutos do segundo tempo, com Jaime, que havia entrado no lugar de Vilsinho.
– Ele recebeu no lado direito e deu um chute de fora da área no gol que fica do lado do bairro Santa Maria. Quando terminou, a festa foi tanta que eu fiquei sem chuteira, sem calção e só de sunga. Ainda consegui esconder a camisa, que dei para minha mãe – disse Janga.
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A camisa número cinco ficou eternizada no clube. Tanto que nas versões retrô, o número mais vendido é o dele. Janga está nos álbuns de figurinha e na seleção de todos os tempos da Chapecoense, escolhida há dois anos pelo presidente Plínio David De Nes Filho.

Ele ficou dez anos jogando no clube, sendo o segundo que mais tempo atuou no clube, atrás de Nivaldo, que ficou de 2006 a 2016.
Janga vê que o clube mudou muito nessa época. Dos massagistas milagreiros a um departamento médico com equipamentos modernos. De um pavilhão de madeira a um estádio para 20 mil pessoas. De um time do interior à principal força de Santa Catarina no momento. Mas ele diz que é preciso respeitar o rival desta final.
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– O Avaí não está morto. Tem que tomar muito cuidado com o Marquinhos que ele pode decidir o jogo numa cobrança de falta ou de escanteio – alertou.
Afinal, o número 5 que anulou o campeão mundial Lico sabe que a Chapecoense não pode perder sua humildade para conquistar o hexacampeonato.
O atacante que abriu o caminho para a reação azurra na Ressacada
Bastava estar diante da bola, do goleiro, da trave e de mais nada. Eram as condições perfeitas para Evando vestido com a camisa do Avaí. Enxergava tudo isso antes de visualizar a rede estufada. Sua missão era apenas acertar o balão entre os dois postes e sob o travessão. E assim foi em 3 de maio de 2009, na Ressacada, quando o então atacante fez o gol fundamental. Importante porque abriria o caminho para mais uma vitória avaiana naquele ano e, ainda, para o título do Campeonato Catarinense sobre a Chapecoense.
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Pela segunda vez na história dos estaduais, o time do Oeste aparecia ante os azurras em duelos pela glória máxima do futebol de Santa Catarina. A primeira foi em 1977, ano em que Evando nasceu. Passados 32 anos, ele começava ir à forra ao fazer o primeiro gol do jogo decisivo. Memorável não apenas por sua importância, mas pela forma. O hoje auxiliar técnico do próprio Leão descreve como se tivesse visto a reprise em vídeo pouco antes do relato detalhado.
– Foi a partir de uma falta no meio de campo. Inteligente, o Marquinhos me viu e bateu rápido. A bola veio dele, em lançamento, eu corri girando para receber. Foi um passe longo e milimétrico, perfeito, porque, quando vi a bola, estava na minha frente. Só tinha a obrigação de fazer. Dei uma pancada forte. O goleiro era o Nivaldo (hoje dirigente da Chape) e foi no meio das pernas dele. Naquele momento, a Ressacada virou o caldeirão – recorda-se.
Virou, como não poderia deixar de ser. O Avaí vinha de derrota por 3 a 1 no primeiro jogo, em Chapecó. Pelo regulamento do Campeonato Catarinense da época, o Leão teria de vencer a partida, por qualquer placar, e jogava pelo empate na prorrogação. Naquele dia, devolveu o 3 a 1 na partida de ida – depois de sair atrás no placar e Evando assinalar o gol do empate –, e fez mais três no tempo extra. O confronto terminou com o marcador de 6 a 1 para o Leão.
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O futebol mudou de oito anos para cá, assim como o Estadual. Porém, continua suscetível a viradas como a protagonizada naquela decisão. Por isso inspira o Avaí e, especialmente, a Evando. Lembra como se hoje fosse daquelas finais e está ao lado do treinador Claudinei Oliveira, na condição de auxiliar, para reforçar o que todo avaiano tem no coração: o Leão pode acabar com a vantagem da Chapecoense e erguer o troféu do Campeonato Catarinense.
– De 2009 para esta decisão, para mim, muda apenas o mando de campo. Mas nossa equipe joga bem também fora de casa. O que aconteceu, claro que inspira. Vamos respeitar nosso adversário e também acreditar que podemos fazer um gol e depois mais outro e chegar ao título. O percentual de vantagem deles é grande, mas temos esperança e força. Nosso grupo demonstrou capacidade de reação. No ano passado, era o 15º na Série B e terminou vice-campeão, com menos de um turno por disputar. O futebol sabe que a história muda em 90 minutos – diz Evando, tão convicto quanto o chute que deu em maio de 2009.
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