Um dos grandes nomes do surfe brasileiro, a catarinense Jacqueline Silva também estará de olho no que acontece no WCT Brasil, na Praia da Vila, em Imbituba, a partir de segunda-feira. Em entrevista exclusiva para o clicRBS, Jacque falou de sua expectativa em relação aos brasileiros e a Kelly Slater e ainda comentou um pouquinho sobre o local que sediará a competição.
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Jacque entrou para a história do surfe nacional com a conquista, em 2002, do vice-campeonato no World Championship Tour (WCT), que reúne a elite do surfe. No ano anterior, ela sagrou-se campeã da divisão de acesso, o WQS.
No dia 8, data prevista para o encerramento do WCT Brasil, a catarinense embarca para o Havaí, onde disputará Haleiwa (WQS) e Sunset e Honolua Bay (WCTs), em busca de resultados para permanecer na elite feminina do surfe no ano que vem. Recentemente, Jacque conquistou três medalhas no Isa World Surfing Games, na Califórnia, considerado as olimpíadas do surfe. Confira a entrevista:
ClicRBS: Kelly Slater vai se empolgar no Brasil depois de já ter se sagrado, por antecipação, octacampeão mundial?
Jacque: Se ele não viesse para ganhar aqui, ele nem viria. Eu até achei que ele não viria para o Brasil depois de ser campeão em Mudaka (WCT na Espanha). Mas, pelos comentários, disseram que ele gosta muito do Brasil, então acho que ele vem pra ganhar, vai ser páreo duro, e é legal porque a participação dele atrai bastante público. Eu estive em eventos que quando ele perde a bateria, metade da praia vai embora, e ver ele surfando é ver o melhor, sem comentários! Admiro muito ele, eu acho que para falar a verdade, se ele não viesse aqui eu não iria no campeonato. Quando eu estou lá fora, vou pra assistir as baterias dele também, vejo algum outro brasileiro que está mais próximo e vou embora. Ele sempre dá show, faz coisas na água que ninguém faz.
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ClicRBS: No ano passado, Victor Ribas ficou com o vice-campeonato (o norte-americano Damien Hobgood venceu na Praia da Vila). O que você espera da participação dos brasileiros nesta edição WCT ?
Jacque: O fato de estar competindo no Brasil, pela torcida, por falar a mesma língua, estar com a família e com os amigos deixa a pessoa mais motivada. Porque pela onda em si, são atletas que não são dali, não surfam ali, então o treino é ali. Independente se eu conheço ou não a onda, não tem mais essa de o local ser favorito. O nível está muito alto, qualquer atleta pode ganhar, mas geralmente quem leva as etapas aqui no Brasil são os gringos. Tem uns atletas que podem fazer um resultado, mas fácil não é, todo mundo está com vontade de ganhar e está precisando de resultado. O que pode fazer a diferença é a torcida mesmo. Quando o mar está bom, está bom para todo mundo, quando está ruim, está ruim para todo mundo, mas sempre tem os que sobressaem, vai ser um campeonato bem disputado.
ClicRBS: O que você achou da decisão de tornar a praia da Vila a sede principal do WCT e riscar a Joaquina dos planos?
Jacque: Eu achei justo, porque há três anos o campeonato é aqui (em Florianópolis) e a Joaquina, que é a praia mais constante da Ilha, infelizmente nunca deu onda na época do campeonato. Foi a escolha certa, por que vai que fazem de novo aqui e não dá onda de novo? Em Imbituba dá altas ondas.O inconveniente é ir até lá, não é que nem na Joaquina que é aqui do lado da minha casa (na Barra da Lagoa).
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ClicRBS: Você acha que o Mineirinho (campeão do WQS no ano passado e o brasileiro mais bem colocado no WCT, na 18ª posição) é a grande promessa do surfe brasileiro? Quais outros têm chance de ficar entre os melhores do mundo?
Jacque: Sinceramente, eu não acho o Mineirinho um surfista completo. Ele manda muito bem em onda pequena, mas onda grande ele não tem o surfe dos caras. Não estou desmerecendo o Mineirinho, ele está pegando onda pra caramba, mas para ser campeão do mundo mesmo, no meu ver, eu não destaco nenhum brasileiro. Os caras de fora estão muito acima, até por causa do tipo de onda lá fora. Eles têm ondas muito boas, ondas tubulares, de fundo de pedra, a onda perfeita, onde o surfe rola. Eles (estrangeiros) têm uma leitura melhor do que os brasileiros. Você vê pelos resultados do ano. É difícil os brasileiros fazerem uma semifinal, uma final no WCT. Isso tudo é só para ter uma idéia de que não é fácil. Para ganhar, tem que ser muito constante, tem que fazer duas, três semifinais, não está fácil. As pessoas que acompanham sabem. Mas eu estou sempre na torcida.