Seria infantil, se não fosse perigosa, a dúvida que o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) levanta sobre o resultado do processo eleitoral. É antidemocrático entrar em uma campanha, aceitar durante meses as regras previamente estabelecidas, para chegar ao final e dizer que só aceita o resultado se ele for o vencedor. Justiça seja feita, quem inaugurou essa modalidade de instabilidade política foi o senador Aécio Neves, com o PSDB, que pediu recontagem de votos na eleição de 2014. As urnas passaram por auditoria e nenhuma irregularidade foi encontrada. Mas aí já era tarde. A teoria da conspiração já havia se espalhado pelas redes sociais.
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No Congresso, no lugar de votar uma reforma política realmente eficiente, partidos perderam tempo, discutindo a aprovando o voto impresso (considerado inconstitucional pelo STF). Aliás, os principais partidos trabalharam para desidratar a reforma política, incluindo o PT, que coloca de maneira cínica o tema como uma de suas prioridades. Vale lembrar que por duas vezes um petista relatou a reforma na Câmara. Até anistia para caixa 2 chegaram a discutir, além de tentativas de proteger o ex-presidente Lula. Agora, não adianta reclamar das regras eleitorais, dos critérios de divisão do fundo de financiamento, muito menos alimentar fantasias contra a urna eletrônica.
Esse é um debate que faz a alegria da militância, mas abafa as principais questões nacionais: quem apresentou o melhor plano econômico para tirar o país da crise? Quem tem capacidade de diálogo para se relacionar com o Congresso? Quem tem compromisso com a democracia, com a liberdade de imprensa, com o combate a corrupção e compromisso com as instituições? Essas são apenas algumas das questões que precisam ser respondidas pelos presidenciáveis. E você? Já pensou nisso?
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