No começo, era só o Largo da Matriz, sem canteiros. O imenso pátio de terra batida era ocupado por feiras de animais e pela sortida e humana freguesia.
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Depois, os governadores desejaram emoldurar suas janelas com uma vista mais exuberante e os jardins nasceram em meados do século 19. Do Palácio Rosado, tornou-se possível enxergar as grandes palmeiras, as flores, os quiosques. Aos poucos, o jardim foi se sofisticando. Até que acontecesse a sua europeização. Muros, gradis, portões. A Praça elitizou-se.
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Havia cafés e casas de chá, gradis importados de Birmingham, Inglaterra, e um funcionário municipal para abrir e fechar os portões da praça. Um cenário de capitais europeias, o expediente compreendido entre as nove da manhã e da noite. Os habitués eram avisados da abertura e do fechamento por um sino que se pendurava no pescoço de uma grande árvore. Ainda não era a figueira que hoje conhecemos, um fícus de 1906, uma jovem de 109 anos.
Tudo very british, menos o Ficus indianus, espécie ali plantada por ordem do governador Gustavo Richard – que a importara do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
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Caberia ao prefeito Henrique Rupp Júnior, no início dos anos 1920, a boa ideia de deselitizar a praça e devolvê-la ao povo – sem muros ou gradis, estes doados para as igrejas do Rosário e de São Francisco.
Que tal, pra começo de conversa, reforçar a Guarda Municipal na área?
A figueira sobrevive, amparada por suas bengalas de ferro, rodeada pela luz elétrica e por tipos suspeitos – muitos dos quais disfarçados por trás da máscara de artesãos.
Há poucos anos a praça chegou a ser revitalizada, os trombadinhas e os traficantes afastados. Mas não durou muito. O comércio de drogas leves e pesadas está de volta, à luz do dia e à sombra da noite.
Já imaginaram a bela Place des Vosges, em Paris, tomada por traficantes e vagabundos? A Trafalgar Square, em Londres, dominada por gangues de desclassificados? A Washington Square, em Nova York, controlada por bandidos do baixo mundo?
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É o que está em vias de acontecer com a Praça XV, em Floripa.
Que tal, pra começo de conversa, reforçar a Guarda Municipal na área e chamar a PM para uma varredura restauradora nos jardins onde Floripa opera a sua própria fotossíntese?