Chocolate, do Tim Maia, foi a música que um amigo colocou no som assim que saiu o quinto gol da Alemanha. Entre risadas dos mais relaxados e tensão de outros que queriam continuar a assistir o chocolate (ou seria um Marzipan?) alemão sobre o Brasil, a trilha continuou e foi mesmo a mais adequada para a semi-final da Copa de 2014.
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A foto postada numa rede social, com a camisa da seleção brasileira com meu sobrenome em verde e amarelo, foi apagada já no início do jogo. A brincadeira ficou completamente sem graça com o primeiro gol, justamente do homônimo artilheiro. Mas como imaginar que levaríamos sete?!
No placar da TV nem havia espaço para tantos gols, os nomes dos jogadores tinham que subir na tela, como créditos finais de um filme, uma surpreendente tragédia.
Comentar as piadas, o episódio premonitório dos Simpsons, todos já fizeram on line, imediatamente, durante o segundo tempo. As lembranças de onde e com quem estávamos durante esses jogos das Copas do Mundo são eternas. Tristeza que não tem fim para essa partida de 8 de julho de 2014.
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Um amigo alemão me escreveu dizendo que estava feliz pela vitória, mas sentia pelos brasileiros, que perdiam dessa maneira justamente na copa em casa. Via, no entanto, o lado positivo, já que podemos ficar com o terceiro lugar.
Ri quando li a mensagem, parecia ironia. Mas isso diz muito sobre eles e sobre nós. A maioria dos brasileiros não está nem aí para o terceiro lugar. Ainda mais que nem será contra os Argentinos, nossos hermanos finalistas.
Os alemães, que perderam a semi em 2006, também em casa, mantém algo que se pode chamar de mesma base, desde aquela época. O técnico Joachim Löw, assistente em 2006, também ficou em terceiro em 2010, quando era técnico. Talvez seja o campeão no domingo. Aqui sabemos bem como é, tanto que há uma “dança de treinadores” durante o Campeonato Brasileiro, com torcidas e imprensa que querem cabeças rolando.
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Passei a gostar mais de futebol quando decidi trabalhar como ator. Talvez porque o futebol seja uma grande metáfora, onde reconhecemos nossas vidas, ideais ou reais, nos personagens e no enredo do jogo.
Uma grande atuação se assemelha a jogada de um craque e sempre depende de outros atores. Um bom filme depende muito do trabalho coletivo e as equipes, os grupos, se fortalecem e amadurecem com trabalho em conjunto, muito trabalho.
Talvez por isso, tenha passado o dia com um texto na cabeça, uma frase que serviu de lema para um poeta, um dos maiores a escrever na língua dos nossos algozes, Rainer Maria Rilke: “É preciso trabalhar, nada senão trabalhar. É preciso ter paciência.”
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