A internet transformou a venda de discos em um negócio nada promissor. O número de CDs vendidos em 2000 foi de 93 milhões de unidades, segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Discos. Cinco anos depois, caiu para 20,3 milhões, e fez com que músicos e gravadoras procurassem alternativas para manter o negócio rentável. Surgiram os shows mega produzidos, produtos licenciados e a venda de toques de celular. Com a chegada da iTunes Store ao Brasil, maior loja de música digital do mundo, a venda legal de canções deve ganhar novo fôlego.

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O serviço disponibilizado nos Estados Unidos em 2003 conseguiu se estabelecer em um cenário em que a pirataria parecia regra. A ferramenta simplificou a vida de gravadoras e consumidores, oferecendo o trabalho de grandes artistas por preços fixos e com uma qualidade superior ao material pirata. Para o professor de Comunicação Digital da PUC-RS Eduardo Pellanda a estreia no Brasil é boa para o mercado:

– A loja brasileira vai trazer uma alternativa à pirataria. Como os preços são fixos (em média, US$ 0,99 por música e US$ 9,99 por disco ou cerca de R$ 1,80 e R$ 18, respectivamente), os consumidores vão poder ter material de qualidade superior ao pirata por valores acessíveis. Isso tudo somado à simplicidade de transferência deve fazer a música digital decolar – explica.

No Brasil, a venda de música digital em 2010 foi 26% maior do que no ano anterior, e com a chegada da iTunes Store deve aumentar. Para músico Humberto Gessinger, cuja obra sobreviveu ao K7, LP, CD e ao MP3, o importante é que agora o mercado fica com um formato mais definido:

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– É uma plataforma mais democrática por não ter o objeto físico. Eu sou otimista e, como já sobrevivi a tudo isso, espero que ajude mesmo é quem está começando agora. Porque, no fim das contas, a internet, de certa forma, tornou mais difícil a vida de quem estava se lançando.

Rafael Rocha, músico da Wannabe Jalva (banda porto-alegrense no mercado desde 2010), também comemora, mas comedido. A banda aposta na internet como forma de divulgação para obter shows e disponibiliza suas músicas gratuitamente:

– É muito legal, mas ainda é preciso pensar em modelo sustentável que seja ainda mais barato, no qual todo mundo ganhe.

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