Itapema 52 anos: cidade faz aniversário com contraste entre modernidade e tradição

Apesar dos inúmeros prédios que começam a dominar a orla da praia, Itapema não perdeu o ar de cidadezinha. No Canto da Praia e refúgio de pescadores artesanais ainda é possível respirar tranquilidade e acompanhar um dia a dia semelhante há 52 anos. Em meio às bateiras, os arranha-céus vão ganhando forma e o luxo começa a se misturar com as casas mais humildes.

Um exemplo dessa simplicidade é a pescadora Maria Gorete Soares, 58 anos, que já dedicou 41 deles à pesca ao lado do marido Bernardino David Soares, 67. Os dois são pescadores artesanais nascidos em Itapema. Maria levanta todos os dias de madrugada, por volta das 2h e vai para o mar buscar os peixes que vão garantir a sobrevivência da família. No fim da tarde ela ainda limpava o pescado do dia.

A pescadora conta que tudo na cidade começou pelo Canto da Praia. Os pais tinham engenho de farina e desde pequena trabalhava na roça. Quando casou se mudou para o Canto e começou a trabalhar na pesca.

– Na época a gente troca laranja, banana, amendoim, aipim e batata por peixe. Era bom porque não tinha doenças, drogas, ladrões. Meu avô morreu com 100 anos e minha avó com 90. Para nós a melhor comida é o pirão com peixe – conta.

Maria lembra ainda que não existia creme dental na época e todos utilizavam carvão para escovar os dentes.

– Hoje é tudo moderno, mas na época que nos criamos aqui em Itapema daria uma novela – brinca.

Raízes Preservadas

Outra figura do Canto da Praia é Elzo Antônio da Silva, 49 anos. Ele preserva em sua casa um pouco da história da localidade, através de diversos utensílios e memórias de seus avós, que residiam no local quando Itapema apenas iniciava sua trajetória.

_ Hoje em dia a cidade cresceu muito, mas aqui no Canto da Praia tem a natividade. Esse pedaço de chão não tem preço _ afirma.

Silva comenta que o Canto da Praia representa a verdadeira Itapema:

_ Aqui é onde tudo começou, com as aldeias de pescador, hoje são poucas raízes, as bateiras não vão a alto mar, mas o coração da flora de Itapema está aqui. Espero viver muitos anos para ver isso.