Itajaí, terra prometida

Uma matrícula e o desejo de vencer. Com olhar perdido Giovanni Pace de Melo buscava informação, já que localizar bloco e sala é uma tarefa difícil na imensidão de tijolos à vista chamada Univali. Com mais de 22 mil alunos matriculados pode-se dizer que a 13ª melhor universidade do país segundo o Guia do Estudante 2014 é uma cidade dentro da cidade.

Para o menino de 17 anos recém-chegado de Bento Gonçalves, município da serra gaúcha, tudo parecia grande e movimentado, rápido demais, principalmente o sotaque cantado do catarinense.

Contemplado com bolsa integral do ProUni para cursar Direito, Giovanni deixou os pais e dois irmãos com os bons queijos e vinhos que a serra gaúcha proporciona e mergulhou no mar de oportunidades do litoral catarinense.

Os olhos azuis, pele clara e voz tranquila que talvez seja um exercício para conter a timidez chamam a atenção no garoto que resolveu fazer morada em um lugar completamente incógnito. A primeira vez que esteve em Itajaí foi para fixar residência.

O que sabia sobre Itajaí antes de chegar aqui é que era uma cidade com universidade que ficava perto da capital Florianópolis. “Através de amigos eu conhecia a fama de boa universidade da Univali, mas sobre a cidade não sabia absolutamente nada”, diz o estudante.

Do pai recebeu um beijo na testa e os votos de boa sorte. Quando bate a saudade, ele lembra do cheiro da comida feita pela mãe invadindo a casa. Mora sozinho em um apê localizado na Avenida Sete de setembro, pertinho de onde estuda e trabalha. Tirando a saudade, morar fora da casa dos pais tem sido um aprendizado constante. Consegue conciliar as atividades domésticas com trabalho e estudo.

Cinco meses depois ele conseguiu um estágio em um cartório da cidade. Agora, trabalha na própria universidade, na secretaria acadêmica dos cursos de ciências sociais aplicadas e comunicação. Tem como função a organização dos documentos acadêmicos e atendimentos relacionados à matrícula e serviços financeiros.

Quando vai ao Morro do Careca, seu lugar preferido na região, contempla a junção do céu, mar e homens com asas artificiais voando na mais completa liberdade, sente-se um deles. Está feliz com o que conquistou.

O escritor Gustave Flaubert defendia a tese de que a cidade de uma pessoa não deveria ser estabelecida por seu local de nascimento, mas sim pela região onde ela se sentisse atraída. Diz ele que nossa terra natal deveria ser aquela que nos faz sonhar, que nos faz sentir bem.

_ Mais do que a possibilidade de estudar e trabalhar, Itajaí me proporcionou conhecer pessoas, criar um novo círculo de amizade, conhecer meus vizinhos, ser parte da cidade, um peixeiro de criação _ relata o jovem.