Quem mora em Itajaí, diz não lembrar da última vez em que houve greve dos servidores públicos na cidade. Nem mesmo os próprios membros do sindicato lembram. Uns dizem que nunca houve, outros falam de uma paralisação que aconteceu em 1983. O certo é que é um movimento novo para os servidores e para a administração. E cada um trata de uma forma diferente.
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Para a categoria, a pressão faz parte da reivindicação de melhores salários e condições de trabalho. Para a prefeitura, o movimento tem caráter político e isso tira a legitimidade.
A paralisação começou depois que os servidores rejeitaram a proposta apresentada pelo governo. O sindicato tem um estudo que aponta uma defasagem de 16,38% no salário dos servidores no acumulado dos últimos oito anos e exigiu isso. A prefeitura disse que só podia dar 7% (pouco mais do que a inflação). Diante do cenário de estado de greve, o governo fez uma contraproposta de ganho real de 2%.
Com os números em mãos, o sindicato apresentou aos servidores na manhã de quinta-feira, em frente à prefeitura. A categoria rejeitou e, logo depois, disse que poderia voltar ao trabalho com 5% de aumento acima da inflação. Além disso, também foi exigido vale-alimentação de R$ 200 para todas as categorias (hoje, o valor é de R$ 150 para quem ganha até R$ 2.150).
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No meio da tarde, a proposta foi entregue ao Executivo, nas mãos do secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão, Luiz Carlos Pissetti, pela comissão de greve. Ele prometeu analisar os números e responder, também através de um ofício, às novas reivindicações da categoria.
No fim da tarde, centenas de pessoas fizeram uma passeata no Centro da cidade, entregando o que eles chamam de “carta ao itajaiense”, onde se explica os motivos da greve, e também gritando palavras de ordem, como “servidor na rua, Jandir a culpa é tua”.
O prefeito Jandir Bellini chegou a cancelar a viagem para a França, onde está sendo apresentado o projeto da Vila da Regata para os organizadores da Transat Jacques Vabre, para acompanhar as negociações.
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Números
Prefeitura e sindicato também divergem em relação ao número de participantes da greve. Pissetti aponta que cerca de 400 pessoas se concentraram em frente ao prédio. O sindicato acredita que mil pessoas estavam presentes. A secretaria de educação passou que 13 creches ficaram fechadas durante o dia, mas que mesmo assim, o serviço não foi comprometido. Em alguns casos, a coordenadora da unidade cuidou das crianças que foram. No CEI Regiane Mara da Luz da Silva, no Bairro Dom Bosco, popr exemplo, uma única criança apareceu e ficou sob cuidados da coordenadora.