Passados quatro meses da partida dos veleiros da Volvo Ocean Race com destino a Miami, devagar a cidade colhe os frutos da visibilidade mundial. A procura pela vela como esporte aumentou, empresas de segmentos diversos se instalaram aqui depois de acompanharem o evento nos meios de comunicação e até o local, antes destinado quase que particularmente à Marejada, virou cenário de eventos sociais e particulares.

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Um dos destaques é a formação da equipe de rendimento da Associação Náutica de Itajaí (ANI) e a participação da equipe em competições importantes de vela. A próxima será o Sul-Brasileiro de Optimist, que ocorre mês que vem em Florianópolis, onde participarão oito atletas itajaienses.

A disputa, entre os dias 6 e 9 de setembro, é uma etapa classificatória para o campeonato brasileiro e os pequenos velejadores, com média de idade de 12 anos, estão suando a camiseta para participar.

– Eles acham que só quatro vão ser levados para competir e isso está fazendo com que se empenhem bastante – diz o técnico João Pedro Martins ao explicar que além dos quatro barcos que a associação ganhou da Volvo, outros quatro serão emprestados para o grupo pelo Iate Clube de Florianópolis na ocasião.

No início de agosto, a equipe participou do primeiro campeonato de ponta, o Estadual, disputado também na capital do Estado. Ana Caroline da Silva, 12 anos, lembra o orgulho que a família teve em vê-la participar e ficar com a terceira colocação.

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– Nossa, meu pai só não levou o cachorro porque não cabia no carro, mas estava todo mundo lá. Ele fala sobre o assunto muito emocionado – conta a estudante que treina desde março.

Nem o vento forte e o fato de ter caído na água durante a prova desanimaram João Vitor Oreste, também de 12 anos. A paixão pelo esporte se reflete na concentração e o comprometimento, explícitos em cada gesto do garoto, que mantém o olhar atento à amarração da vela enquanto conta que não pretende parar de velejar tão cedo.

A passagem da Volvo por Itajaí alavancou também o interesse de um público bastante diversificado pelo esporte. O paradigma elitista está aos poucos sendo deixado de lado e agora a ANI, que antes promovia cursos apenas para crianças, passou a atender adultos e até a terceira idade.

– Não é só quem tem dinheiro que pode praticar vela, e Itajaí custou pra perceber isso – comenta o presidente da ANI, Cláudio Copello.

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Patrocínio

Mas apesar da visibilidade que a competição trouxe para o esporte, Itajaí ainda engatinha no que se refere a incentivos financeiros. Segundo Copello, estão sendo apresentados projetos a possíveis patrocinadores, mas até agora não houve sinalizações positivas e enquanto isso a equipe viaja com fundos da ANI.

Independente da falta de patrocínio, Cláudio Copello é otimista e acredita que a cidade está pronta para formar atletas de ponta. Em outubro, o município terá seu segundo festival náutico. Para o ano que vem, as perspectivas são disputar o campeonato brasileiro da categoria Laser em Porto Alegre e fazer uma competição internacional na cidade.

Município busca atrair empresas

Durante o período em que os barcos estiveram em Itajaí, a rotina da Volvo Ocean Race movimentou os hotéis, restaurantes e o comércio da cidade. Para o secretário de desenvolvimento econômico do município, Onézio Gonçalves Filho, o mais expressivo foi a promessa de médias e grandes empresas que sinalizam se instalar na cidade.

– Desde que a regata veio pra cá, nós estamos em primeiro e segundo lugar no estado em geração de emprego – garante.

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Algumas companhias já estão em fase de instalação, segundo o secretário, como é o caso da empresa de vídeos náuticos do velejador Wilfredo Schurmmann. Onézio Gonçalves Filho afirma que estabelecimentos que já vinham pesquisando Itajaí, em virtude da ampliação das atividades da Petrobrás na região, acabaram confirmando a instalação após a Volvo.

– Eu mostro uma série de dados sobre a cidade para os representantes das empresas e quando mostro o vídeo da Volvo o pessoal fica de boca aberta e, se tinham alguma dúvida, fecham com Itajaí – destaca.

Estrutura é alugada para eventos

A Regata Volta ao Mundo deixou também uma estrutura pronta ao lado do Centreventos Itajaí. O local, de responsabilidade do Porto, tem capacidade para eventos de grande porte e conta com programação para todos os meses até o fim deste ano, a maior parte deles de cunho social.

Para particulares, o Porto cobra uma diária de R$ 4 mil pelo aluguel do espaço. O valor é usado para manutenção do lugar, segundo o diretor administrativo do Porto, Antônio Marques Pereira. Como foram gastos R$ 7 milhões na revitalização da estrutura, é interesse da administração portuária que o espaço seja bem utilizado.

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As próximas festividades previstas no local são o desfile cívico do dia 7 de setembro, a Marejada e o Festival Náutico, ambos em outubro.