Um modelo internacional de tráfego pode ser a solução para o gargalo no trevo na BR-101 com a Rodovia Jorge Lacerda e a Avenida Reinaldo Schmithausen. A prefeitura de Itajaí apresentou à Arteris um projeto para implantação do chamado Diverging Diamond Interchange (DDI). Usado nos Estados Unidos e na Europa, o sistema promete melhorar a fluidez dos veículos e, de quebra, reduzir o risco de acidentes.
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A Coordenadoria de Trânsito de Itajaí, responsável pelo estudo, diz que hoje os motoristas levam até 30 minutos para fazer o cruzamento. Mas testes computadorizados com o novo modelo apontam ser possível reduzir para 3 minutos. Embora promissor, há alguns obstáculos. O primeiro deles é de que se trata de um trevo que envolve, além da via municipal, uma rodovia federal concedida e uma rodovia estadual.
Antes de tudo, é preciso entender que o modelo proposto consiste em fazer o cruzamento por baixo da BR-101 fluir em formato de “X”, com controle por semáforos inteligentes na Avenida Reinaldo Schmithausen e na Rodovia Jorge Lacerda (veja desenho abaixo). Sem filas na parte inferior, deve haver menos congestionamento também para quem está nas alças de acesso à BR-101, atualmente colapsada.
Como é a “DDI”

Apesar de ser consolidado no exterior, o DDI não está nos manuais de interseções do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e, por isso, para ser viabilizado no Brasil, é preciso que haja aprovação de órgãos federais. Durante o estudo em Itajaí, a prefeitura fez questão de consultar DNIT e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) sobre a viabilidade e teve aval positivo de ambos.
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A resposta final, porém, depende da Arteris, atual empresa responsável pelo trecho da BR-101, e, também, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A concessionária disse que está analisando o projeto apresentado pela Coordenadoria de Trânsito de Itajaí no fim de dezembro de 2024, após dois anos de levantamentos de fluxo e rotas. O documento segue depois para definição da ANTT.
Se aprovado e instalado, esse será o primeiro DDI no Brasil.
Imagens mostram caos no cruzamento
Mas quanto custa e quem vai pagar a conta?
Uma estimativa da Coordenadoria de Trânsito aponta que são necessários cerca de R$ 1,5 milhão para instalação do sistema Diverging Diamond Interchange. Esse valor inclui os conjuntos semafóricos com no-break para aguentar até 12 horas sem energia elétrica, um trecho de pavimentação e iluminação do local. O tempo de execução é previsto em dois meses e meio, se houver dinheiro.
Por se tratar de uma “Obra de Interesse de Terceiros”, a conta não ficaria para a Arteris e, sim, para a prefeitura de Itajaí. O valor, pouco expressivo diante do benefício apontado e considerando se tratar da cidade mais rica de Santa Catarina, poderia vir, por exemplo, de uma outorga onerosa — uma espécie de contrapartida devida ao município por empresas que querem fazer construções acima do plano diretor.
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O investimento, na prática, é irrisório perto dos benefícios, se a proposta der mesmo certo. Isso porque a região concentra um conglomerado de empresas de logística e um porto.
Animação mostra como seria o DDI
O trecho caótico da BR-101 em Santa Catarina
A liberação do Contorno Viário da Grande Florianópolis no ano passado trouxe alívio ao trânsito na BR-101 no entorno da Capital e voltou os olhos da mobilidade urbana justamente na região acima de Itapema. Esse trecho, chamado de Norte, engloba as badaladas praias do litoral nesta época do ano — Balneário Camboriú, por exemplo —, além da maior cidade do Estado, Joinville.
Soma-se isso ao fato de que a BR-101 nesse trecho absorve todo o fluxo de caminhões rumo aos portos de Itajaí e Navegantes e se tem uma “tempestade perfeita” que forma o caos, com filas intermináveis.
Esse trecho foi tema de uma reunião entre o o governador Jorginho Mello (PL) e o diretor-presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Rafael Vitale. Segundo apuração do colunista Ânderson Silva, os representantes da ANTT indicaram que no primeiro trimestre de 2025 haverá uma definição sobre o processo chamado de “otimização” do contrato da Arteris.
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Isto inclui quais obras serão feitas pela concessionária com o prolongamento do contrato de concessão, que se discute entre cinco e 15 anos a mais de operações.
A longo prazo, vale lembrar, uma das apostas de Santa Catarina é na Via Mar, uma rodovia paralela à BR-101 e que promete desafogar o fluxo de veículos de grande porte justamente no trecho Norte.
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