A distribuição de um kit com seda para maconha e lubrificante íntimo em Itajaí repercutiu nas redes sociais nesta semana. O material foi entregue durante um evento do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS AD) para usuários de drogas.
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Na internet, pessoas relatam que viram na ação da prefeitura um incentivo ao uso de entorpecentes com dinheiro público. Mas a Secretaria Municipal de Saúde explicou se tratar de um trabalho amparado em lei, que visa evitar doenças transmissíveis entre esse público.
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O diretor de Atenção à Saúde de Itajaí, Gustavo Pereira, frisa que ação faz parte do chamado Programa de Redução de Danos. É uma política pública prevista em portaria do Ministério da Saúde para minimizar os impactos causados pelo uso de drogas.
No kit, havia também camisinha e um doce de amendoim. Tudo embalado como se fosse para uma festa e com a frase “Pro arraiá fica bão, óia as dica”. Segundo o gestor, ainda que possa parecer estranho, cada um dos itens tem um papel, seja de prevenir doenças ou evitar eventuais consequências do consumo exagerado de entorpecentes, como overdose.
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— Esse trabalho na verdade começou lá por 1989, no Porto de Santos, quando teve um grande número de casos de HIV e Aids. Aí começou com orientações, disponibilização de utensílios, para não haver compartilhamento de seringas, por exemplo, e vem ganhando corpo ano a ano — exemplifica.
Conforme Pereira, entre os materiais, continha ainda um folder com orientações para o uso menos nocivo das drogas. Um dos tópicos, por exemplo, recomenda não usar sedas finas.
Diferente do que se falou em redes sociais, o diretor garante que o kit não estava à disposição de toda comunidade. O material foi oferecido durante um evento junino destinado exclusivamente para os dois grupos de apoio do CAPS AD, formado por cerca de 200 pessoas.
Segundo a prefeitura, foram produzidos 30 kits. Pegava o material quem queria, ressalta o gestor.
Pereira cita que por se tratar de um programa instituído pelo governo Federal há muitos anos — uma das portarias é de 2011 — os municípios que aderem recebem um valor para custear ações. A prefeitura frisa, porém, que para os kits não houve uso de dinheiro público e ainda apuram de onde veio o valor.
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Na visão dele, a ação não está equivocada, mas precisa ser aprimorada a forma de condução:
— Confesso que quando nós, da gestão, batemos olho numa situação dessa, causa estranheza, mas quando vai ver a fundo, é uma política de saúde, amparada por portaria. Mas obviamente, a forma como foi disponibilizado isso é o que a gente está revendo.
*Atualização: até as 14h30min, esse texto dizia que os kits foram pagos com recurso público. Essa informação foi repassada ao Santa pelo Diretor de Atenção à Saúde de Itajaí. Porém, após a publicação, a prefeitura contestou e disse não ter sido usado dinheiro público e que ainda apura a origem do recurso.
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Confira trecho da nota da prefeitura de Itajaí:
De acordo com o “Manual de Redução de Danos: saúde e cidadania”, do Ministério da Saúde (Brasil, 2001), esta política constitui um conjunto de ações e medidas de saúde pública com o objetivo de minimizar as possíveis consequências adversas do uso e abuso de drogas.
Portanto, a proposta da redução de danos é não colocar a abstinência como condição para o vínculo terapêutico e sim garantir o acesso à saúde.
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O manual diz ainda que por meio desta política deve-se “possibilitar informações adequadas sobre riscos, danos, práticas seguras, saúde, cidadania e direitos, criando dessa forma melhores condições para que as pessoas possam tomar suas decisões, buscar atendimento de saúde (se necessários) e estarem inseridas socialmente em um contexto de garantias de direitos e cidadania.”
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