Israel pretende debilitar em longo prazo a infraestrutura militar do Hamas antes de negociar um cessar-fogo, afirmaram fontes militares e governamentais neste domingo. O confronto, que completa uma semana nesta segunda-feira, já deixou mais de 170 palestinos mortos, incluindo crianças e adolescentes.

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– Neste momento o governo israelense não está respondendo aos esforços voltados a um cessar-fogo, porque primeiro queremos garantir que o Hamas não terá vontade de fazer o mesmo em um ano ou em seis meses – afirmou à rádio militar o ministro das Finanças, Yair Lapid, referindo-se aos disparos de foguetes a partir de Gaza.

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O governo israelense ouve com distância os apelos por uma trégua, mas também não parece ter pressa em invadir Gaza, o que ameaça fazer há vários dias. Até o momento, a aviação segue bombardeando a Faixa de Gaza. Por sua vez, os combatentes do Hamas e de outros grupos dispararam cerca de mil foguetes contra as principais cidades de Israel, 200 deles interceptados, sem deixar nenhum morto.

– O exército atingiu Gaza duramente, mas não atingiu suficientemente o braço armado do Hamas – explicou à rádio militar o ex-chefe de inteligência militar Amos Yadlin. Segundo ele, estima-se que apenas 50 das vítimas fatais pertençam ao movimento islamita.

– O exército israelense tentará fazer o braço armado do Hamas pagar um alto preço e fortalecer nossa posição nas negociações de um cessar-fogo e nossa capacidade de dissuasão. Também tentará atingir a capacidade do Hamas de se fortalecer depois da operação – acrescentou Yadlin.

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Desde domingo, a aviação israelense lança panfletos sobre o norte do território palestino, controlado pelo Hamas, perto da fronteira com Israel. Os panfletos pedem aos civis que abandonem suas residências e se refugiem no sul do território.

Hamas também não quer trégua

Foguetes são lançados diariamente de Gaza em direção ao sul de Israel, mas não deixaram vítimas

Foto: Jack Guez / AFP

O Hamas também não parece disposto a acordar um cessar-fogo e insiste que Israel deve colocar fim a sua agressão, levantar o bloqueio à Faixa de Gaza, em vigor desde 2006, e libertar centenas de correligionários detidos como parte de uma campanha de prisões na Cisjordânia.

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Segundo um comandante do exército, após o último grave confronto com o Hamas, em novembro de 2012, Israel estabeleceu uma lista com os alvos mais preciosos do movimento islamita. Esta lista está servindo de guia para a campanha iniciada na última segunda-feira à meia-noite.

– Isso anulará suas capacidades e obrigará (o Hamas) a se submeter a um longo processo de reabilitação depois da guerra – declarou o oficial, pedindo anonimato.

Israel concentrou tropas e tanques ao longo da fronteira, e afirmou várias vezes que está disposto a uma operação terrestre, até o momento não autorizada pelo governo. Se esta intervenção ocorrer, acredita-se que os combatentes do Hamas tentarão capturar soldados para depois negociar uma troca de prisioneiros.

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– O objetivo da operação ” Barreira Protetora ” era e continua sendo devolver a calma a Israel durante um longo período de tempo, e infligir um golpe duro ao Hamas e a outros grupos terroristas na Faixa de Gaza – declarou um funcionário israelense de alto escalão.

Secretário dos EUA viaja ao Egito para tentar uma trégua

O secretário de Estado americano, John Kerry, viajará nesta terça-feira ao Egito dentro dos esforços diplomáticos para obter um cessar-fogo entre Israel e o movimento palestino Hamas na Faixa de Gaza.

Kerry telefonou no domingo para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para reafirmar o apoio de Washington à busca de um cessar-fogo . Israel , por sua vez, prometeu intensificar sua operação ofensiva.

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– Kerry destacou as preocupações americanas em relação à escalada da tensão no terreno – disse à Agence France-Presse (AFP) uma fonte do Departamento de Estado.

John Kerry condenou os ataques de foguete procedentes da Faixa de Gaza na direção do sul de Israel e “ressaltou o direito de Israel de se defender”. Ele também indicou que os Estados Unidos estão prontos para facilitar uma trégua das hostilidades, incluindo um retorno ao acordo de cessar-fogo de novembro de 2012.

*AFP