Bruna Narcizo

O número de novos consumidores no e-commerce de supermercados brasileiros praticamente dobrou após o início da quarentena para conter o avanço do novo coronavírus, segundo dados da Ebit|Nielsen. Segundo relatório da empresa, o número de estreantes em compras online de supermercados cresceu 96% entre os dias 19 e 25 de março, na comparação com a semana anterior. Entre todos os setores, o crescimento de novos consumidores no e-commerce foi de 12%.

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– A opção da compra online aparece de maneira geral para todos os perfis e, por isso, tem um aumento tão expressivo de novos consumidores e um ganho de penetração em segmentos que, tradicionalmente, não teriam tanto interesse na compra online. Claramente, a situação tem sido um acelerador para novos consumidores fazerem uma primeira prova e conhecerem o canal em produtos que normalmente compravam nas lojas físicas – disse Roberto Butragueño, diretor de atendimento ao varejo e e-commerce da Nielsen Brasil.

Os dados mostram que houve um aumento expressivo nas vendas de produtos de giro rápido. Itens da cesta básica, por exemplo, cresceram 165%, seguidos por frios, 106%, hortifrutigranjeiros, 93%, carnes, 59%, e padaria 52%. Segundo Butragueño, a Covid-19 pode acelerar uma mudança de comportamento dos consumidores.

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– É importante ponderar, no entanto, que o crescimento de categorias de giro rápido porém não compensa a retração de categorias mais importantes para o ecommerce, como, por exemplo, eletrônicos.

O setor de presentes também comemora um acréscimo de novos consumidores. O site Giuliana Flores, um dos maiores do segmento de flores e presentes online, afirma que o consumo dobrou desde o início da quarentena e que, de todas as compras, 40% eram feitas novos consumidores.

– Tem dia que está batendo 130% a mais na comparação com um dia normal. Estamos correndo igual a um maluco e trabalhando com número reduzido de funcionários – diz Clóvis Souza, fundador do Giuliana Flores.

O relatório semanal da Ebit|Nielsen aponta, no entanto, que categorias maiores, como eletrodoméstico e Casa & Decoração, impulsionaram a baixa do total de compras online em 16,4% neste período. Ainda assim, diz Butragueño, foi observado em outros países que estão lidando com a pandemia há mais tempo que o mercado tende a se estabilizar depois de um tempo, mas com crescimentos expressivos nas compras online.

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– O que temos observado em outros países que tiveram o impacto da Covid-19 antes do Brasil é um crescimento muito acelerado na primeira semana da quarentena e, nas seguintes, uma desaceleração devido aos problemas logísticos com o aumento de volume de pedidos, e depois uma estabilização, mas com crescimentos bem expressivos das compras online – afirma Butragueño.