As peças produzidas pela estilista Isabela Capeto traduzem exatamente quem ela é. Transpirando brasilidade – com um sotaque carioca forte -, ela resgata em suas roupas a sua origem, a sua infância e a sua família. Atrelando a tudo isso a tendência do reaproveitamento. Convidada a participar do encontro de comunicação da Uniasselvi, em parceria com a Haco Etiquetas, em Blumenau, Isabela conversou sobre como fazer sucesso no mundo da moda, o passado e o futuro de sua marca.

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Pergunta – Existem passos para uma marca dar certo?

Isabela Capeto – Acho que sim. As pessoas dizem: você tem a maior sorte. Mas, além de eu ser apaixonada pelo meu trabalho, eu me dedico muito. Trabalho sempre, final de semana, trabalho em época de desfile até de madrugada, toda a equipe veste a camisa. Por isso, dá certo. Sou super incentivadora, vivo tentando novos projetos. Quero uma marca jovem com ideias modernas. E eu fiz questão que fosse uma coisa de família, de amizade. Não uma marca com a dona gritando, outra histérica, aquela confusão que ninguém se entende.

Pergunta – Qual a sua lembrança mais remota de moda?

Isabela – Sempre gostei de fazer minhas roupas, de ir à costureira escolher os tecidos. Minha mãe gostava de costurar, de fazer vestido. A gente sempre preferiu isso a comprar a roupa pronta. O sofá, minha mãe gostava de forrar; nos aniversários, a gente fazia os doces e brindes. Minha família gosta de fazer as coisas, de decorar. Acho que isso reflete na marca.

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Pergunta – Sua marca vai estar sempre atrelada ao aviamento ou está aberta a outras tendências?

Isabela – Minha roupa sempre vai ter isso porque é a minha cara, minha história. Sempre digo que se eu fosse sueca, minha marca não seria como é. Toda vez, eu dou graças a Deus que sou brasileira, que a marca tem essa brasilidade, o que não é comum.

Pergunta – A sua nova coleção é baseada na crise. Nestes períodos, as pessoas se vestem melhor?

Isabela – Em períodos de crise, as pessoas tendem a ficar mais criativas. Essa coisa do reaproveitamento, do retingir, de pintar de novo, toda essa criatividade aflora. Igual em época de guerra. Nesta coleção, aproveitamos tecido antigo, coisas que estavam paradas. Botão, a gente tingiu de novo. É uma tendência mundial. As pessoas estão preocupadas com questão da águas e das florestas. Eu me preocupo com isso e várias pessoas estão preocupadas.

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Pergunta – Suas coleções possuem referência a artistas, profissionais que nem sempre conseguem vender suas obras. Como fazer com que o seu desejo se transforme no desejo do consumidor?

Isabela – Você tem que acreditar no seu feeling. Hoje, eu tento organizar as minhas coleções. Antigamente, eu não tinha Natal, Reveillon. Hoje, eu já consigo, porque o meu preview é agora, mês que vem apresento a coleção, depois a gente faz showroom. Se esperar as fábricas de tecido me trazer cartela de cor… Pô, às vezes, a fábrica faz coisas que eu não curto. Eu quero a cor que eu estou acreditando. Hoje, eu passo as minhas coisas e ponto final, não fico esperando chegar cartela e tecido X. E essa coisa de fazer com artistas, acho muito mais legal. Não precisa viajar pra fazer uma coleção. Você consegue tendência aqui, em qualquer lugar. Tudo é inspiração desde que você esteja com o canal aberto. Ontem fui ver o filme da Chanel e ela era superligada. As coleções dela eram isso, o que o olhar dela captava. Tem que acreditar na sua ideia, na sua intuição e trabalhar muito.

Pergunta – Ano passado você lançou uma coleção infantil. Como é trabalhar com esse público? Eles estão ligados em moda?

Isabela – A nossa roupa infantil é especial, não é barata, porque utiliza os tecidos dos adultos, mas é bem acabada. A gente está vendendo no Brasil e tentando um preço pra vender lá fora. Resolvi criar com a sobra dos tecidos e aviamentos e era uma maneira de conseguir umas coisas pra minha filha, a Francisca. Queria uma roupa de criança, não toda montada. E hoje, as crianças pensam em moda totalmente. Minha filha tem 10 anos, é superligada. E eu dou altas duras. Quando ela era pequena, eu só comprava pra ela na C&A, em supermercado. Roupa especial só pra ir em um aniversário. Nunca fui de gastar. Mas hoje, ela pede: “quero roupa de tal lugar”. Eu digo, “você está louca, essa roupa não dá pra mamãe comprar”. Agora, ela ganha as peças pilotos da minha loja e fica feliz da vida.

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Pergunta – Você venderia 100% da sua marca?

Isabela – Ano passado vendi a metade para o grupo de investimentos In Brands, que não tem nada a ver com moda. Achei que foi legal. Não mudou minha vida, não fiquei rica por isso, mas achei que era uma maneira de me ajudarem, dividir uma responsabilidade. Mas não venderia 100%. A não ser que fosse uma fortuna. Mas eu iria sempre querer cuidar da marca, porque é o meu nome, né?