O almoço de domingo, tradição de muitas famílias mundo afora, teve um gosto especial, com todos os temperos e sabores que faltavam há quase 40 anos para as irmãs Maciel. No último fim de semana, as quatro mulheres – separadas na infância após a morte da mãe – puderam finalmente se abraçar novamente. O reencontro de fortes emoções aconteceu na casa da mais velha, Angela Marial Maciel, 56, no bairro Carianos, em Florianópolis, após uma longa jornada em busca de notícias.
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O dia ficou pequeno para colocar a conversa de tantos anos em dia. Mas poucos momentos foram suficientes para as irmãs retomarem a intimidade, darem risadas e contar histórias juntas, como se o tempo longe nunca tivesse existido.
Angela conta que as irmãs, ela com 9 anos, Rosa Maria,7, Maria de Fátima,5 e Maria Lizete, 3, foram afastadas em 1968, quando a mãe faleceu de leucemia no hospital em Porto Alegre. A família humilde vivia em uma casa na beira da praia Barro Preto, no Rio Grande do Sul, onde não existia nem energia elétrica. O pai ficou desolado, e sem condições de criar as quatro meninas as entregou para famílias diferentes.
– Não tivemos sorte com as famílias, que não permitiam contato entre a gente. Com 19 anos eu saí de casa, encontrei minha irmã Rosa e fomos morar juntas em Porto Alegre. Fomos vivendo nossas vidas sempre procurando as outras irmãs, mas sem encontrar pois os nomes haviam mudado – explica.
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Há cerca de três anos, Angela e Rosa, já morando em Florianópolis, descobriram o paradeiro de Fátima por uma rede social. Ela estava vivendo em Porto Alegre. Assim que a Angela enviou a mensagem Fátima veio para a cidade e passou o Natal com as irmãs. As três mantiveram contato, mas ainda faltava o último elo da família, a caçula das quatro Marias.
Quase 40 anos sem notícias
Durante muito tempo Maria Lizete Maciel, 50, se sentiu sozinha. Casada e com dois filhos adolescentes, a comerciante não costuma falar do passado triste para os amigos, e poucos sabiam que ela tinha mais três irmãs.
– Eu falo pouco sobre isso, mas sempre procurei por elas na internet, toda pessoa que eu via com sobrenome Maciel eu perguntava, mas tinha medo, não queria expor a situação e descobrir que podia ter acontecido alguma coisa, e 39 anos se passaram – revela.
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Há cerca de um ano e meio Lizete se mudou com a família para Florianópolis, e aqui vivia uma vida tranquila no bairro Costeira, sem saber que estava a uma curta distância de Angela e Rosa.
Pista e reencontro em 24 horas
Sem perder as esperanças de reunir a família novamente, Angela resolveu procurar a RBSTV para ver se de algum modo poderiam ajudar em sua busca, quando foi orientada a entrar em contato com a Delegacia de Desaparecidos. A mulher mandou um e-mail relatando a situação no 19 de janeiro, passou todas as informações que tinha, e no dia seguinte já recebeu uma ligação da delegacia avisando que tinham pistas do paradeiro de Lizete, porém procuravam um telefone de contato.
Na manhã do dia 20, a vizinha de Lizete recebeu uma ligação muito estranha perguntando se ela conhecia Lizete, e que ela estava sendo procurada pela Polícia:
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– Ela veio me falar, mas pensou que fosse trote. Eu resolvi ligar de volta para a delegacia, quando falaram que minhas irmãs moravam na mesma cidade eu não acreditei, não fazia ideia – conta Lizete.
No mesmo dia o reencontro entre Angela, Rosa e Lizete aconteceu na delegacia, cheio de emoção e alegria. Um almoço já foi marcado para o domingo seguinte, porém ainda faltava Fátima vir de Porto Alegre para a família ficar completa. A mulher ganhou uma passagem de presente e chegou de surpresa no almoço, para a alegria e emoção de todas:
– O destino se encarregou de nos reunir novamente. Nascemos em uma cidade de praia, e foi em outra que nos reencontramos, e agora nunca mais vamos nos perder – finalizou Fátima.
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