Dois irmãos suspeitos de atear fogo em um vizinho após uma briga em Lages, na Serra Catarinense, serão indiciados por homicídio qualificado por motivo fútil e meio cruel, uma vez que a vítima estava viva quando foi incendiada. A dupla teria confessado o crime à polícia, e a causa do assassinato seria uma discussão motivada pelo consumo de bebidas alcoólicas.

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O delegado Sérgio Roberto de Sousa, da Divisão de Investigação Criminal da Polícia Civil (DIC), conta que na última sexta-feira o trabalhador florestal Aldori Rodrigues da Cruz, de 35 anos, foi convidado pelo vizinho Hercílio da Silva Coelho Neto, 50, para beber. Como Aldori recusou, Hercílio passou a xingá-lo. Os dois discutiram e cada um foi para casa, no Bairro Caroba.

Ocorre que no início da madrugada de sábado, Aldori e o irmão Ademir Rodrigues da Cruz, 28, teriam ido até a casa de Hercílio para espancá-lo. Durante a agressão, os irmãos teriam golpeado Hercílio com uma facada no peito e outra no pescoço, e ao constatarem a gravidade dos ferimentos, decidiram dar fim ao corpo do desafeto.

Ambos teriam levado Hercílio de carro até as proximidades do Rio Amola Faca, no limite entre Lages e o município de São José do Cerrito, entraram na mata às margens da BR-282 e teriam cravado uma chave de fenda no peito da vítima, que continuou viva. Assim, não encontraram outra alternativa que não incendiar o corpo, o que teriam feito com um litro de gasolina e um isqueiro.

– Eu perguntei a eles se a vítima estava viva quando foi incendiada, e eles confessaram que sim, pois respirava e gemia de dor -, diz o delegado.

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Um boletim de ocorrência por desaparecimento chegou a ser registrado no sábado por parentes de Hercílio, mas no domingo à noite, uma testemunha que presenciou o crime acionou a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Civil, que foram até o local e localizaram o cadáver totalmente carbonizado.

Com a identificação, dois mandados de prisão foram expedidos pela Justiça e os suspeitos foram capturados pela DIC no fim da tarde de segunda-feira em uma área de reflorestamento de pinus onde trabalhavam, em São José do Cerrito. O delegado Sérgio Roberto de Sousa vai indiciar Aldori e Ademir por homicídio qualificado por motivo fútil e meio cruel, com pena de 12 a 30 anos de reclusão.

Os irmãos estão no Presídio Regional de Lages. O inquérito deve ser concluído ainda esta semana e, com a prisão temporária convertida para preventiva, os irmãos devem ser transferidos para o Presídio Masculino de Lages, onde ficarão à disposição da Justiça até o julgamento.