O contador Werner Morelli, 54 anos, morador de Mongaguá, no litoral paulista, disse que ser cremado era desejo pessoal do irmão, Leonardo Morelli, 53, um dos líderes do grupo Black Blocs, encontrado morto num hotel no Centro de Florianópolis na última segunda-feira.

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Segundo o irmão, Leonardo foi cremado às 14h de quarta-feira, em Vila Alpina, na capital paulista, respeitando um desejo expresso há muito tempo. Werner Morelli diz que a família acredita em morte natural.

Leonardo tinha um tumor na cabeça há mais de cinco anos e estava em tratamento. Do atestado de óbito consta cardiopatia dilatada como um dos motivos da morte. Werner diz que um médico da família especulou que o sintoma é típico de quem sofre de doença de chagas. Mas a doença, no entanto, não foi confirmada oficialmente. O delegado que investiga o ocorrido diz que o caso é nebuloso.

Leonardo Morelli era casado e tinha um filho e duas filhas. O filho, Igor Morelli, conhecido como Koala, de 25 anos, não morava com ele em Curitiba, mas em Cambuí (MG). Além de Werner, Leonardo tinha outros dois irmãos.

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Segundo o advogado de Joinville Felipe Volkmann, que atuava na defesa de Morelli em uma ação movida pela empresa Tupy, Leonardo mantinha discrição sobre a família, como forma de protegê-los.

Veja abaixo a entrevista completa com Werner Morelli:

Diário Catarinense – Como era a relação do Leonardo com a família?

Werner Morelli – Relação normal. Ele convivia bem com a mulher dele, com as filhas.

DC – A família o apoiava nas causas?

Morelli – A gente não conversava muito. Nosso contato era mais pela internet. Ele não comentava muito não. Era bastante reservado. Muitas das coisas que ele projetou estão aparecendo mais agora depois do falecimento dele.

DC – Ele informou a família que estaria em Santa Catarina?

Morelli – Não. A gente não sabia onde ele estava. Eu pelo menos não sabia. Ele tinha as atividades dele, então a gente já estava acostumado. Ele não costumava passar muitas informações a respeito.

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DC – Qual foi a última conversa que teve com ele?

Morelli – Ele estava perguntando como estão as coisas em Monguagá. Conversei rapidamente aqui perto da minha casa. Ele estava com as filhas dele. Mas foi normal, não entramos no assunto de meio ambiente. Aliás, ultimamente, a gente estava evitando. Mas há muito tempo a gente não conversava sobre os assuntos do meio ambiente, do passado. Ele estava sempre viajando, Mato Grosso, Rio. Ele quase nunca estava por aqui.

DC – Mas morava em Curitiba?

Morelli – Ele estava em vários lugares, mas a residência dele era em Curitiba.

DC – Qual a causa da morte dele para a família? Tinha doença crônica?

Morelli – Ele tinha um tumor na cabeça, faz mais de cinco anos. A gente soube recentemente. Ele estava com bastante dor de cabeça. O que um amigo dele comentou é que ele demonstrava cansaço. Mas o que consta do atestado de óbito é cardiopatia grave. Realmente o coração dele estava bem inchado. A gente achava que tinha sido realmente por causa do tumor, mas aparentemente estava tudo natural. Daí realmente a incógnita. Não tem uma causa muito aparente. Por causa da cardiopatia grave, conversando com meu médico, ele disse que o inchaço do coração é causado normalmente por causa da picada do barbeiro. O tio da minha esposa ele tinha (doença de chagas), eu vi esse problema, e era compatível. Não sei se foi tirada uma coleta de sangue para fazer um exame melhor. Mas o que pareceu é que foi natural, não foi nada premeditado. Foi realmente uma fatalidade, vamos dizer assim. A única anomalia foi só o coração.

DC – Por que ele foi cremado?

Morelli – Era um pedido dele, feito já faz tempo. Nós respeitamos.

DC – Quando e onde foi a cremação?

Morelli – No crematório Vila Alpina, aqui em São Paulo. Foi ontem (quarta).

DC – Chegou a ter velório?

Morelli – Sim, nós fizemos um pequeno velório. Porque pelo traslado do corpo, nós só ficamos sabendo a hora que ele chegou a São Paulo. Então não deu muito para avisar, porque o corpo dele foi encontrado na segunda-feira e ontem já era quarta. E a minha mãe queria encerrar o mais rápido possível. Ela pediu para ser o mais breve possível.

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