Claudia Cristiane Santos Araújo, sergipana de Malhador, a 49 quilômetros de Aracaju, tinha dado à luz ao segundo filho, Gabriel, na Maternidade São José, do município vizinho de Itabaiana, no dia 11 de janeiro de 2001, quando uma intensa hemorragia lhe acometeu. Foram longas 18 horas com três cirurgias que tentaram, em vão, estancar o sangramento. Os rins chegaram a parar de funcionar.
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A possibilidade de transferência para Capital sergipana foi descartada pelos riscos à paciente. O obstetra Antônio Cardoso avisou a família que apenas um milagre salvaria a vida de Claudia.
– Fui pra maternidade sentindo contrações. Depois do parto não sei mais o que aconteceu. Eu não sabia nem se meu filho tinha nascido. Era uma hemorragia que não cessava. O médico retirou o útero pra tentar estancar a hemorragia e nada. Chegou a um ponto que não sabia mais o que fazer. Estava mais para morte do que para vida – lembra Claudia enquanto segura uma imagem de Irmã Dulce dada por uma tia.
A irmã do padre José Almir de Menezes – devoto de Irmã Dulce – soube da situação de Claudia e avisou ao pároco. Em posse de uma imagem da freira, ele se deslocou até o quarto do hospital onde estava Claudia.
– Perguntei a ela se acreditava que Irmã Dulce poderia interceder por ela. Ela disse que sim e iniciamos uma corrente de orações – recorda o padre.
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O sangramento teria parado pouco depois e Claudia recebeu alta médica no dia seguinte.
Análise criteriosa
Em outubro de 2010, a Congregação para a Causa dos Santos, através de voto favorável e unânime de seu colégio de cardeais e bispos, reconheceu a autenticidade do milagre que salvou a vida de Claudia. O caso dela foi analisado por 10 peritos médicos brasileiros e seis italianos.

O milagre passou por três etapas de avaliação: uma reunião com peritos médicos (que deram o aval científico), com teólogos, e, finalmente, a aprovação final do colégio cardinalício, tendo sua autenticidade reconhecida de forma unânime.
O Papa Bento XVI promulgou decreto do milagre que transformava Irmã Dulce em Beata, ou Bem-Aventurada, em dezembro de 2010. A cerimônia de Beatificação, ocorreu no dia 22 de maio de 2011, em Salvador.
Na ocasião, a freira baiana passou a ser reconhecida com o título de “Bem-Aventurada Dulce dos Pobres”, tendo o dia 13 de agosto como data oficial de celebração de sua festa litúrgica.
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Atualmente com 49 anos, Claudia recebeu a reportagem da NSC, no mês de junho, no município de Malhador (SE), na casa dela ao lado do filho Gabriel, agora um jovem de 18 anos. Ela conta que sempre foi católica praticante, mas reconheceu que na época do ocorrido a fé estava "fraca" e não conhecia a vida de caridade de Irmã Dulce.
– As coisas acontecem na vida da gente para aumentar a nossa fé. Saber que existe um Deus e que existem pessoas aqui na terra que fazem o bem. E essas são santificadas, igual a ela (Irmã Dulce). Foi uma pessoa muito boa, que cuidou dos pobres e do humildes. Andava em uma Kombi e acolhia essas pessoas. Ela deu a vida pelos pobres. O que aconteceu comigo foi Deus com intercessão de Irmã Dulce – finalizou ela.
A volta da visão no segundo milagre
Em 13 de maio de 2019, o Papa Francisco promulgou o decreto que reconheceu o segundo milagre atribuído a Irmã Dulce, cumprindo-se assim a última etapa do processo de Canonização.
O miraculado é José Maurício Moreira, natural de Salvador, que aos 22 anos, teve o diagnóstico de um glaucoma muito sério e em estado avançado.
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Em 2000, ele ficou totalmente cego de ambos os olhos e assim permaneceu por mais de 14 anos. Em 2014, já morando em Recife, Maurício teve uma conjuntivite muito grave e sofrendo com fortes dores, pegou a imagem de Irmã Dulce que pertencera a sua mãe, a colocou sobre os olhos e fez uma oração pedindo a intercessão da freira para que aliviasse as dores da conjuntivite.
– Ao acordar, comecei a ver a minha mão. Entendi que Irmã Dulce tinha operado um milagre. Ela me deu muito mais do que eu pedi: voltei a enxergar – lembra.