A primeira a tentar socorrer Rafaela Chlemper Melo, de 10 anos, atingida por uma bala perdida na noite de sábado, em Palhoça, foi a irmã de nove anos. Os outros familiares chegaram instantes depois e chamaram por socorro. Quando a mãe ou os pais chegaram com o jantar, a menina já estava estendida no chão, cercada por uma vizinhança incrédula.

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O alvo dos disparos era Cleito Ademilson Teles, de 25 anos, que também foi baleado e morreu. A Delegacia de Polícia de Palhoça investiga o caso e não informou se o autor dos disparos teria sido identificado.

O sábado de Rafaela foi com brincadeira entre os irmãos e visita dos avós na casa do pedreiro, da funcionária de um posto de saúde e dos seus quatro filhos. De acordo com o avô, Ivan Chlemper, passava das 20h quando a mãe teria saído de carro para buscar comida, em uma lanchonete próxima. Como a irmã mais velha, de 14 anos, estava na casa de uma amiga, Rafaela ficou com os dois irmãos menores, uma de nove e um de quatro, e o pai. Outras versões apontam que o pai teria saído junto com a mãe.

Rafaela teria ido para a frente de casa, esperar a poucos passos do portão, na Rua Carlos Napoleão Poeta. Foi quando teria ouvido alguma movimentação e se voltou para o lado esquerdo da rua. Era cerca de 8h45min quando a menina foi atingida na cabeça por uma bala perdida.

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Familiares contam que o corpo chegou a ficar na chuva, pois o Instituto Médico Legal (IML) teria demorado cerca de duas horas para chegar na casa. O IML afirmou que só serão possíveis informações sobre o caso nesta segunda-feira. Segundo a família, o primeiro objetivo dos trabalhos do Instituto teria sido o jovem que era o alvo dos disparos e que também estava morto, algumas casas para frente.

Velório e enterro da menina

No velório de Rafaela, dezenas de amigos, familiares e conhecidos choraram a morte da menina. Vizinhos se lembram de uma menina simpática que pedia ferramentas emprestadas para o pai. Familiares contam que ela era tranquila e não costumava ficar na rua, gostava mais de brincar de boneca e escolinha no quintal ou na casa das amigas. Rafaela queria ter uma casa grande para poder cuidar de todos os animais que vivem na rua. Toda essa delicadeza e compaixão da criança cativavam.

– Convivi com ela dois anos e era como se eu a conhecesse a vida inteira. Ela era como uma filha para mim – contou o ex-professor de catequese, Gilson de Oliveira.

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– Era uma menina meiga, querida, não tinha como não gostar dela – complementa o avô. Rafaela foi enterrada no domingo a tarde cemitério Passa do Vinte, em Palhoça.