Quinze anos se passaram desde o primeiro álbum do Iriê, Ao Vivo no Atol, e eles serão comemorados em alto estilo com a gravação de um DVD na noite de quinta-feira no John Bull, em Florianópolis. Desde 1998 na estrada, com cinco discos gravados e uma trajetória consolidada, a marca da banda está nas canções que têm o reggae como ponto de partida mas que, assim como a cultura catarinense, agregam a mistura de estilos.

Continua depois da publicidade

O DVD ao vivo era o registro visual de grande porte que faltava para o grupo e que servirá não só para mostrar a evolução do som do Iriê, mas também o que os músicos têm feito nos últimos tempos.

Para ajudar a contar essa história estarão no palco convidados como Chico Martins, do Dazaranha, Gui Ribeiro, do John Bala Jones e MC Eltin.

– Como tanta gente passou pela nossa carreira nestes 15 anos, foi muito difícil definir – conta o vocalista Rô Conceição.

Continua depois da publicidade

Além dos convidados, o Iriê vai homenagear o músico Daniel Lucena, do antigo Expresso Rural.

– Ele é sem dúvida o maior nome da música catarinense. Como entidade, como figura, representa muito para a música. É uma história que merece ser sempre contada e que as próximas gerações precisam conhecer – ressalta o vocalista.

Com desafios e sonhos renovados, o Iriê promete um repertório cheio surpresas que vão agradar tanto os fãs de longa data quanto aqueles que conhecem a banda há pouco tempo.

Agende-se

O quê: gravação do DVD Iriê 15 anos

Quando: quinta-feira, a partir da 0h

Onde: John Bull (Avenida das Rendeiras, 1.046, Lagoa da Conceição, Florianópolis)

Quanto: R$ 30 – 2º lote e sujeito a alteração. À venda na rede Multisom, lojas Cheias de Graça e site Blueticket. Membros do Clube do Assinante têm 20% de desconto no quiosque Blueticket (Shopping Beiramar)

Continua depois da publicidade

Mais informações:www.johnbullfloripa.com.br

IRIÊ E CONVIDADOS EM ENSAIO PARA A GRAVAÇÃO DO DVD

Foto: JESSÉ GIOTTI / AGÊNCIA RBS

Confira a entrevista com o vocalista do Iriê, Rô Conceição

São 15 anos de banda, 15 anos do lançamento do Ao Vivo no Atol e vocês vão comemorar com um DVD também ao vivo. Essa relação foi intencional?

Na verdade não foi nossa intenção. Como também não foi nossa intenção ter gravado nosso primeiro álbum ao vivo. O disco ao vivo foi uma contingência, uma oportunidade que pintou. Aí, para comemorar os 15 anos, decidimos fazer um DVD ao vivo e esse, sim, foi pensado. A gente achou que precisava de um registro em vídeo da banda, o primeiro importante nesses 15 anos. E também por se tratar de um DVD ao vivo acabamos relembrando a carreira, os cinco discos que lançamos, focando um pouquinho em cada um.

Nesses 15 anos, o que mudou?

Quando lançamos o disco Ao Vivo no Atol, em 1998, tínhamos perto de 20 anos de idade. A gente estava começando a tocar, nos conhecendo como músicos e artistas. Hoje, depois de 15 anos, já temos uma trajetória, uma tranquilidade pra contar as nossas próprias histórias e segurança pra fazer isso. O que muda é que temos essa bagagem que estamos dividindo com o público agora.

Continua depois da publicidade

Com toda essa bagagem e de todo esse tempo de estrada, quais são os desafios do Iriê hoje?

Cara, os nossos desafios vão se renovando, assim como os nossos sonhos. O nosso desafio agora é seguir fazendo aquilo o que a gente sempre fez, que é música autoral, defendendo uma bandeira da boa música catarinense. Sempre procuramos cantar com outras bandas que surgiram com a gente, algumas ainda estão na estrada, outras já se foram. Mas somos quase uma resistência da cena catarinense. Tentamos levantar essa bandeira, trazer alguns amigos, gente que acompanha a trajetória e gente nova que tá pintando também. A ideia é seguir na estrada, que é o que sabemos e gostamos de fazer.

Vocês vão fazer uma homenagem a Daniel Lucena no show. Qual é a relação da banda com ele?

O Daniel Lucena é sem dúvidas o maior nome da música catarinense. Como entidade, como figura, ele representa muito para a música. É uma história que merece ser sempre contada e que as próximas gerações precisam conhecer. E como pessoa ele é uma figura sensacional. A gente teve a honra de trabalhar com ele algumas vezes. Fizemos algumas músicas juntos e tudo foi sempre um grande barato, porque ele é um cara muito legal, muito importante pra nossa carreira.

No DVD vocês vão contar com participações. Como foi a escolha dos músicos que vão tocar com vocês no show?

Continua depois da publicidade

Na verdade, quando pensamos em comemorar os 15 anos de história foi muito difícil escolher, já que muita gente passou pela nossa carreira. Acabou sendo uma uma escolha natural. O Chico Martins, do Dazaranha, tinha acabado de nos presentear com uma canção, então ele precisava estar no disco. E é lógico que no DVD tinha que ter alguém do Dazaranha, porque é uma banda muito importante pra cena catarinense e são amigos nossos. Com o John Bala Jones foi a mesma coisa. Somos bandas irmãs, tocamos muito junto, surgiu no mesmo momento e temos muita afinidade. O Lucena foi convidado por tudo o que falei, pela história que precisa ser contada e pela figura humana excepcional que ele é. Em relação ao MC Eltin, aconteceu de a gente trabalhar com um produtor em comum e estamos em estúdio preparando uma coisa juntos. Gostamos da música, achamos que tinha a ver com o DVD. Acabou que os convites aconteceram naturalmente. Tinha muita gente que podia estar nesse DVD, porque também faz parte da nossa história, mas não é um DVD de convidados, mas um DVD com convidados. Acabaram pintando esses caras que já estavam escolhidos pelo momento que a gente estava vivendo.

Como será o repertório do DVD, e o que o público pode esperar do show?

O repertório foi uma grande briga que tivemos. Algumas coisas estão sendo modificadas de última hora. Cinco discos gravados significam um plantem de canções muito vasto. E como coordenar tudo isso, pra tentar contar a história da banda e ao mesmo tempo fazer alguma coisa parecida com o que temos feito ao vivo – porque o DVD também procura ser um retrato daquilo o que a gente está fazendo hoje – e ao mesmo tempo conseguir conciliar com os convidados. Então tivemos uma briga, mas uma briga boa, né? Tinha muita música boa pra entrar, muita coisa legal pra se fazer. Acho que conseguimos montar um repertório que contempla a história da banda e aquilo o que temos feito, ao mesmo tempo que recebe bem os convidados. Tem algumas surpresas também que vamos fazer. Então, tanto o público que nos acompanha há bastante tempo quanto a galera que de repente está conhecendo a banda vai curtir.

Como é o público de vocês e como é o contato com eles?

Temos todo o tipo de público que se possa imaginar, tanto em termos de idade quanto de perfis. Sempre tivemos uma relação muito bacana, muito tranquila, acabamos transformando fãs em amigos. É muito natural, porque a galera que vai sempre no show acaba participando da nossa vida, das nossas decisões e dividindo algumas histórias engraçadas que acontecem na estrada.

Continua depois da publicidade

Vocês são uma das poucas bandas catarinenses que teve a oportunidade de gravar um CD com uma grande gravadora. Como você essa passagem na vida do Iriê?

A gente teve uma experiência de gravar com a Warner Music exatamente no momento em que a mesa estava virando. As gravadoras já estavam perdendo esse potencial, essa capacidade de impulsionar artistas. Pegou praticamente esse final. Mas a experiência foi super enriquecedora, até pra podermos entender o outro lado, os mecanismos e o funcionamento das engrenagens do mercado. Ao mesmo tempo, vínhamos de uma época em que viajávamos muito, em que passamos temporadas muito bacanas fora de Santa Catarina. A gente passou seis meses em Porto Alegre, seis meses em São Paulo e, por ocasião desse contrato com a Warner, também passamos seis meses no Rio. Estávamos também em um momento de abrir os olhos pra fora da casca do ovo e isso tudo foi muito enriquecedor. Mas, com certeza o mercado hoje não depende mais tanto das gravadoras, o que é bastante interessante. As novas tecnologias e as novas mídias nos possibilitam fazer um trabalho de forma mais independente e talvez até mais interessante. Até porque os artistas hoje tem uma individualidade muito mais respeitada, em função de não ter mais ninguém pra dividir as suas ideias. O artista pode muito bem pautar sua carreira nas suas próprias ideias sem depender da opinião, do crivo e nem da assinatura de ninguém. Se a gente olhar por essa perspectiva, temos um mercado muito mais autêntico.

Pela sua experiência e a do Iriê, como é a cena musical aqui em Florianópolis?

A gente tem na cidade uma situação atípica do ponto de vista de tribos e de tendências, porque Florianópolis é uma cidade muito cosmopolita. Por causa disso, as próprias bandas e a própria cultura daqui são muito misturadas. Se a gente olhar o repertório das bandas autorais de Floripa, percebemos isso também, assim como em todo o Estado. Como o Dazaranha não se encaixa em nenhum perfil, em nenhuma prateleira, assim também é o Iriê, uma banda que tem o reggae como ponto de partida, mas que não é exatamente uma banda de reggae nos padrões clássicos do termo. A mesma galera que vai em show de reggae é a que vai em show de pop, de samba, de rock, então acaba sendo um pouco misturado. Eu não dividiria em cenário reggae, cenário pop. Vivemos aqui o que a gente vive no Brasil inteiro, né? Estamos em um momento em que a música autoral está muito no armário, mas isso é cíclico. Vemos uma porrada de gente fazendo coisa legal. Daqui a pouco chega o momento da virada e vamos ter um cenário tivemos há alguns anos, talvez uma década atrás. Um cenário efervescente de música autoral em Santa Catarina.

Continua depois da publicidade