O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, anunciou neste sábado (9) a vitória contra o grupo Estado Islâmico (EI), após declarar que a fronteira entre Iraque e Síria está completamente controlada pelas forças do país.

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Em um discurso solene em frente ao Ministério da Defesa em Bagdá, Abadi anunciou que a próxima batalha será a luta contra a corrupção, verdadeiro problema que compromete o desenvolvimento do país.

O anúncio contou com a presenta de representantes de todos os corpos das Forças Armadas.

Este domingo foi declarado feriado para “celebrar a vitória”, segundo um comunicado oficial.

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“É uma vitória e uma festa para todos os iraquianos. Mas, apesar desta vitória final, precisamos continuar em alerta”, declarou o primeiro-ministro, que também é comandante em chefe das Forças Armadas.

Possível graças ao apoio crucial da coalizão internacional dirigida pelos Estados Unidos, a derrota militar do EI no Iraque marca uma reviravolta na luta iniciada há três anos.

Para o especialista em movimentos extremistas Hisham al-Hashemi, “embora o EI já não controle propriamente cada centímetro quadrado do território iraquiano, ainda possui esconderijos e armazéns de armas” no Iraque.

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Prova disso é que, no mesmo dia, as forças do governo anunciaram ter matado dez homens do Estado Islâmico. Eles estavam escondidos em um túnel perto de Kirkuk, no norte do Iraque, para cometer ataques suicidas.

Alvo de múltiplas ofensivas há mais de um ano, o EI também perdeu a maior parte do território conquistado na vizinha Síria, e seu autoproclamado “califado” em 2014.

– ‘Unidade e determinação’ –

“Nossas forças controlam completamente a fronteira sírio-iraquiana e, portanto, anuncio o fim da guerra contra o Daesh (acrônimo do EI em árabe)”, declarou Haider al-Abadi em Bagdá, durante a abertura de uma conferência organizada pelo sindicato de jornalistas iraquianos.

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“Vencemos graças à nossa unidade e determinação. Nós os derrotamos em pouco tempo”, acrescentou.

O chefe do Comando Conjunto de Operações (JOC, na sigla em inglês), general Abdel Amir Yarallah, declarou que as forças iraquianas controlavam “toda a fronteira com a Síria entre o ponto de passagem de Al-Walid e o de Rabia”, separados por 435 quilômetros de distância.

Por meio da porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, os Estados Unidos saudaram o fim da “vil ocupação” do Iraque pelo EI.

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“O anúncio iraquiano assinala (…) que as pessoas que viviam nessas áreas foram libertadas do brutal controle do EI”, indicou em um comunicado.

A porta-voz advertiu, porém, que isso não significa que “a guerra contra o terrorismo, e inclusive contra o EI, tenha terminado no Iraque”.

Em um tuíte anterior, a coalizão internacional enviou seus “parabéns” a Bagdá “pela libertação de todos os territórios povoados que o Daesh controlava no Iraque”.

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– Nova ‘batalha’: a corrupção –

Abadi anunciou que a luta contra a corrupção será “o prolongamento natural das operações” militares, falando de uma “batalha da qual todos devem participar”.

Segundo a ONG Transparência Internacional, o Iraque é um dos dez países mais corruptos do mundo.

Em 2014, o EI se apoderou de um terço do Iraque em uma ofensiva relâmpago, controlando quase todas as regiões sunitas do oeste, centro e norte do país.

Após assumir o controle de um território equivalente em superfície à Itália, a meio caminho entre Síria e Iraque, o EI proclamou um “califado” com duas capitais: Mossul, no Iraque; e Raqa, na Síria.

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Desamparado, o Exército iraquiano recuou, pressionado pelo avanço dos extremistas. Diante do perigo iminente, o aiatolá Ali Sistani, principal figura espiritual da comunidade xiita, fez um chamado à mobilização geral.

De volta ao combate, as forças de segurança iraquianas lançaram progressivamente sua contraofensiva para, em 2016, reconquistarem Fallujah e Ramadi no oeste e, sobretudo, Mossul, em julho.

Segundo os especialistas, o EI mantém a capacidade de agir e ainda pode derramar sangue, voltando à clandestinidade e executando ataques mortais.

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Para erradicar o EI completamente, o Exército iraquiano anunciou sua intenção de limpar, em uma data não divulgada, Wadi Hauran – o vale mais longo do Iraque, situado na província ocidental de Al-Anbar. Ele se estende da fronteira saudita até o Eufrates, prolongando-se até os limites sírio-jordanianos.

* AFP