Ali Akbari entrou no bar do hostel em Roma apenas para tomar uma bebida antes de subir ao quarto para descansar da longa viagem iniciada em Teerã, capital do Irã. Ao abrir a porta, encontrou um grupo de brasileiros em volta de uma mesa, ouvindo música e se divertindo. Os olhos, imediatamente, avistaram a joinvilense Andressa Aguiar e foi amor à primeira vista. Poucos meses depois, ela acrescentaria o sobrenome iraniano ao seu e ele se mudaria para o Brasil.
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Desde o início, eles superaram os obstáculos juntos para que o relacionamento desse certo. Quando se conheceram, o engenheiro falava apenas persa e inglês e a designer de interiores não sabia falar nada além do português. A saída encontrada para que eles conseguissem conversar foi o tradutor do celular e os gestos. Até hoje, eles ainda tentam entender se tudo foi obra do destino ou de alguma força do universo que os uniu.
– Eu não acreditava muito em amor, mas no fundo eu queria muito isso para a minha vida. Quando eu encontrei ele, foi mágico. Meu racional ficou de lado, eu fui com a emoção e ele mudou a minha vida – conta Andressa.
Ali acredita que nada acontece por acaso. Mesmo antes de se conhecerem, os dois programaram a viagem para terminar no mesmo período e na mesma cidade, em março de 2014. Em Amsterdã, ele trocou de hotel para se hospedar no local em que ela estava. Ambos largaram os grupos de amigos e passaram os últimos dias juntos antes de voltarem para seus países. Andressa conta que os dois trocaram contatos e ele prometeu visitá-la, mas acreditou que aquela curta história de amor chegava ao fim.
– Depois de dois meses, ele tirou uma foto em frente à Embaixada do Brasil em Teerã. Mais um mês se passou, ele tirou foto da passagem dele. Aí vi que ele estava falando sério – relembra.
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Ele chegou ao Brasil em agosto e visitou cidades turísticas na companhia da joinvilense, que estava estudando inglês para melhorar a comunicação entre eles. Ao chegar em Novo Hamburgo (RS), onde Andressa morava com a filha Maria Laura, ele decidiu que voltaria para o Irã, mas retornaria em janeiro para morar ao lado da namorada. Enquanto Ali não chegava, ela decidiu pedi-lo em casamento por mensagem de celular antes de ele chegar ao Brasil. Ele não apenas aceitou, como ainda reforçou o compromisso assim em que chegou.
– Depois de uma semana em que ele estava aqui, ele pediu que eu escolhesse o restaurante mais caro da cidade. Pedimos um vinho, ele se ajoelhou com um anel de diamantes na mão e oficializou o pedido de casamento. Eu chorei muito – conta, emocionada.
“Nossa história é de prova de amor”
Tudo estava dando certo até o início do relacionamento, mas logo o casal percebeu que nem tudo são flores. Eles tinham vidas com um alto padrão e não tiveram cuidado com os gastos no início do casamento. De uma hora para a outra, perceberam que o dinheiro acabou e, sem querer pedir ajuda aos familiares, resolveram comprar um carrinho para vender cerveja na praia de Torres, no Rio Grande do Sul. Gastaram quase R$ 1 mil em bebida e não conseguiram vender praticamente nada.
Eles dependiam daquele dinheiro para colocar gasolina no carro e voltar para Novo Hamburgo. No entanto, venderam apenas 20 latas de cerveja. A solução foi comercializar o que sobrou na entrada de um festa fechada realizada nas ruas de Porto Alegre na virada do ano. Ali posicionou o carrinho em frente ao local, já que não tinham liberação para vender dentro do espaço, e começou a gritar para oferecer as bebidas.
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– Coloquei a mão dentro do gelo, peguei uma cerveja de cada marca, levantei a mão e comecei a gritar. A galera começou a aparecer e vendemos quase tudo no final da festa – conta.
Com dinheiro para voltar para casa, eles decidiram se mudar para Garuva, no Norte de Santa Catarina, onde moravam os pais de Andressa. Passaram a viver em uma casa cedida pelo pai até conseguirem empregos em Joinville e se mudarem para a cidade. Hoje, estão se estabilizando na vida novamente, vivem em um apartamento na zona Norte e trabalham diariamente para equilibrar as finanças.
Para Ali, as dificuldades os ajudaram a crescer e mostrar o amor que existe entre o casal. Segundo o iraniano, quando ele não tinha nada de dinheiro, a esposa olhava com todo o amor para ele e dizia que tudo ia acabar bem.
– A nossa história não é de amor porque essa é quando você encontra o amor da sua vida e tudo fica bonitinho. Nossa história também é de prova de amor. A gente ficou apaixonado um pelo outro e provou isso. Deixamos tudo que a gente tinha e provamos para todo mundo que poderia dar certo – explica.
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O casal deve permanecer em Joinville nos próximos meses, mas o objetivo é se mudar para outra cidade assim que estiverem estabilizados. Uma das possibilidades é retornar para Teerã e construir a vida perto da família de Ali.