Em um movimento único, 36 universidades iranianas vetarão mulheres em 77 cursos a partir do ano que vem.
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O caso levou a Nobel da Paz Shirin Ebadi a demandar uma investigação da Organização das Nações Unidas, conforme reportagem publicada ontem pelo jornal britânico The Telegraph.
As instituições de ensino – entre elas as mais importantes do país – anunciaram no início de agosto que os cursos passarão a ser de “gênero único”, exclusivos para homens. Entre as áreas banidas para mulheres estão línguas (inglês), arqueologia, física nuclear, computação, engenharia elétrica e industrial, administração de empresas e hotelaria.
A Universidade de Teerã, por exemplo, só vai aceitar inscrições masculinas nas cadeiras relacionadas a recursos naturais e matemática.
Ministro diz que é necessário um “balanço” de gênero
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A Universidade da Indústria do Petróleo alegou que não irá mais aceitar qualquer mulher e justificou a decisão pela falta de demanda. A Universidade Isfahan alegou que 98% das mulheres graduadas em engenharia da mineração ficam desempregadas.
Ebadi, advogada exilada na Grã-Bretanha, escreveu ao secretário-geral da ONU dizendo que a intenção do país é reduzir a proporção de estudantes mulheres que ultrapassaram 65% dos ingressos nas universidades para menos de 50%, com o objetivo de enfraquecer o movimento feminista e as campanhas contra leis islâmicas discriminatórias.
– É parte da recente política da República Islâmica, que tenta fazer as mulheres voltarem para o domínio da casa e não pode tolerar sua presença na arena pública – diz Ebadi.
O ministro de Ciência e Educação Superior, Kamran Daneshjoo, atenuou a controvérsia após receber críticas de deputados iranianos, dizendo que 90% das vagas estão abertas a ambos os sexos e que os cursos de “gênero único” era uma necessidade de “balanço”. A medida não vai atingir as atuais alunas.
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