O Irã entregou nesta segunda-feira à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) amostras retiradas por seus próprios especialistas da instalação militar de Parchin, sob suspeita de abrigar atividades nucleares, como parte de seus compromissos após o acordo com as grandes potências.

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Após a entrega, o diretor-geral da agência da ONU, Yukiya Amano, disse em Viena que “há progressos significativos” e garantiu que “a integridade das mostras e sua autenticidade não estão em dúvida”.

As amostras, sobre as quais não foram divulgados detalhes, “foram retiradas sob os protocolos estabelecidos”, afirmou Amano, antes de admitir que “resta muito por fazer”.

“Na semana passada, especialistas iranianos retiraram amostras em vários locais precisos de Parchin, sem a presença dos inspetores da AIEA, respeitando as regras e as normas correspondentes”, declarou Behrouz Kamalvandi, porta-voz da Organização Iraniana de Energia Atômica (OIEA).

“As amostras foram entregues aos especialistas da AIEA”, afirmou o porta-voz.

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Yukia Amano esteve em Parchin, onde “visitou determinadas áreas sobre as quais existiam informações falsas”, afirmou Kamalvandi no domingo.

Suspeita-se que nas instalações de Parchin, ao leste de Teerã, tenham sido realizados testes de explosões convencionais aplicáveis a armas nucleares, algo que o Irã sempre desmentiu.

Os Estados Unidos, que firmaram o acordo histórico internacional de 14 de julho sobre o programa nuclear iraniano, manifestou sua satisfação pela entrega de amostras de Parchin, sem criticar a ausência de inspetores da AIEA: “não temos problemas diante de procedimentos normais e com o acordo já concluído entre a AIEA e o Irã”, declarou o porta-voz do departamento de Estado, John Kirby.

Oposição nos Estados Unidos

Contudo, recentemente a imprensa americana havia afirmado que em Pachin havia obras suspeitas.

O porta-voz da OIEA afirmou que se tratava da “reforma de uma estrada danificada por uma inundação”.

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Até muito pouco tempo o Irã se negava a que a AIEA fosse a Parchin, argumentando que se tratava de uma base militar e que em 2005 a agência da ONU já havia realizado inspeções sem encontrar nada ali.

Amano fez uma visita no domingo a Teerã para obter “esclarecimentos” sobre alguns aspectos do programa nuclear iraniano.

No início de setembro, a AIEA solicitou ao Irã o fim das “ambiguidades” sobre as passadas atividades nucleares, como parte do processo de verificação antes da retirada das sanções internacionais que pesam sobre o país desde 2006, prevista no acordo histórico anunciado em 14 de julho entre Teerã e as grandes potências.

Antes da entrada em vigor do acordo, a AIEA deve apresentar em 15 de dezembro um relatório com o objetivo de esclarecer todas as dúvidas que ainda persistem sobre a “possível dimensão militar” do programa nuclear iraniano, pelo menos até 2003.

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As mostras ambientais e de algumas partes específicas das instalações de Parchin foram realizadas na semana passada, segundo as autoridades iranianas.

A AIEA e Teerã destacaram que este tipo de procedimentos pode ser verificado em tempo real com o uso satélites e tecnologias de geolocalização.

A notícia de que os inspetores internacionais não estariam presentes no momento de retirada provocou críticas dos opositores do acordo, incluindo a oposição republicana americana, segundo a qual o Irã poderia mentir no processo de verificação.

O processo de verificação é crucial para que o acordo siga adiante e para a retirada das sanções contra o Irã.

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Os legisladores iranianos estão nas últimas fases de revisão do texto do acordo nuclear, mas não está claro se haverá uma votação parlamentar.

Este mês, a Câmara de Representantes dos Estados Unidos rejeitou o acordo, mas este foi um gesto puramente simbólico já que um dia antes o Senado havia dado sua aprovação ao texto.

* AFP