O Irã comunicou nesta terça-feira a implementação de um plano para aumentar sua capacidade de enriquecimento de urânio, aumento a pressão sobre os europeus que procuram salvar o acordo nuclear iraniano.
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Segundo o vice-presidente iraniano Ali Akbar Salehi, citado pela agência de notícias Fars, o Irã informou na segunda-feira à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que vai aumentar a capacidade de enriquecimento de urânio com mais centrífugas.
“Uma carta foi enviada à OIEA sobre o começo de determinadas atividades”, declarou Salehi.
“Se as condições permitirem, pode ser que amanhã, em Natanz (centro), possamos declarar a abertura do centro de produção de novas centrífugas”, completou Salehi, que preside a Organização Iraniana de Energia Atômica (OIEA).
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“Isto não viola o acordo” de Viena sobre o programa nuclear iraniano que Teerã assinou com seis grandes potências em julho de 2015, garantiu o vice-presidente.
No dia 8 de maio, o governo americano anunciou a saída do acordo, também assinado por Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha.
A produção centrífugas “não significa que vamos começar a colocá-las em atividade”, explicou o vice-presidente iraniano.
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“Também não quer dizer que fracassaram as negociações coma Europa”, completou Salehi.
Após a retirada dos Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha e União Europeia iniciaram negociações para que o Irã continue respeitando os termos do acordo.
Em um discurso na segunda-feira, o guia supremo iraniano, Ali Khamenei, disse que a OIEA tinha “o dever de preparar-se rapidamente” a aumentar a capacidade de enriquecimento de urânio.
O enriquecimento de urânio permite produzir combustíveis para as centrais nucleares que geram energia e para outras finalidades civis, particularmente a medicina.
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Mas o urânio altamente enriquecido e em quantidade suficiente permite a produção de uma bomba atômica.
Estados Unidos e Israel acusam o Irã e querer fabricar uma bomba atômica, mas o Irã rebate as acusações e afirma que seu programa tem um objetivo pacífico e civil.
Nesta terça-feira, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que o plano iraniano de aumentar sua capacidade de enriquecimento de urânio busca produzir armas nucleares para utilizá-las contra Israel.
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“Há dois dias o aiatolá Khamenei, guia supremo iraniano, expressou a intenção de destruir o Estado de Israel”, disse Netanyahu em um vídeo divulgado nas redes sociais.
Já o ministro israelense da Inteligência, Yisrael Katz, pediu a formação de uma coalizão militar contra o Irã se este país se desvincular do acordo internacional sobre suas atividades nucleares e enriquecer urânio com fins militares.
Neste caso, “seria necessária uma tomada de posição do presidente dos Estados Unidos e de toda a coalizão ocidental – na qual estariam sem dúvida os (países) árabes e Israel – para deixar claro que se os iranianos voltarem (a enriquecer com fins militares), se formará uma coalizão militar contra eles”, afirmou Katz.
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Segundo os seus partidários, o acordo de 2015 ajudou a levantar alguns dos receios da comunidade internacional sobre este programa nuclear. Este pacto permitiu que o Irã voltasse à comunidade de nações após anos de isolamento e uma redução nas sanções internacionais em troca de um compromisso de não adquirir armas nucleares.
Além dessa promessa, o Irã concordou em reduzir drasticamente suas atividades nucleares, e a AIEA, a agência da ONU encarregada de verificar se Teerã está implementando seus compromissos, confirma regularmente que esse é o caso.
Mas a sobrevivência do acordo foi ameaçada pela retirada dos Washington, abrindo caminho para o restabelecimento das sanções econômicas dos Estados Unidos.
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Esta perspectiva tem assustado os grupos estrangeiros, que começam a deixar o Irã. O mais recente, o fabricante de automóveis francês PSA anunciou na segunda-feira que se preparava para abandonar o país.
Este anúncio reflete o espaço muito limitado de manobra dos europeus, dada a natureza extremamente dissuasiva das sanções americanas.
Os líderes iranianos alertaram em maio que não dariam mais do que algumas semanas para os europeus negociarem.
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Eles ameaçaram que o Irã começará a enriquecer o urânio em 20%, enquanto o país se limita a 3,67% sob os termos do acordo de Viena.
* AFP