Com trocas de farpas e em tom bastante cáustico, moradores, comerciantes e empresários do bairro Bom Retiro, em Joinville, participaram de uma reunião ontem para discutir, mais uma vez, um projeto de construção de um binário para a avenida Santos Dumont.
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Promovido pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville (Ippuj), o encontro deu espaço para o debate entre os moradores e o instituto sobre a implantação do sistema no encontro da rua Tenente Antônio João com a avenida Santos Dumont, na zona Norte da cidade.
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Técnicos do Ippuj detalharam o projeto, cujo início das operações será dado assim que as obras de pavimentação da rua Tenente Antônio João forem concluídas, no prazo máximo de seis meses.
Pelo projeto, os veículos seguirão no sentido Centro-bairro pela rua Tenente Antônio João e no sentido bairro-Centro pela avenida Santos Dumont. A proposta do binário não é nova. Um projeto parecido foi apresentado na gestão do prefeito Carlito Merss e virou alvo de questionamentos pelo impacto que provocaria no comércio local, aos prestadores de serviço e no deslocamento de veículos pelos bairros Santo Antônio e Bom Retiro.
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Na última vez em que foi apresentada, a proposta de construção de um binário na região foi duramente criticada pela comunidade, sendo arquivada pouco tempo depois, principalmente pela iminência do início da duplicação.
– Com a paralisação das obras, decidimos retomar o diálogo, até mesmo para apresentar uma solução para o evidente problema de mobilidade que temos ali – explicou o presidente do Ippuj, Vladimir Constante.
Neste intervalo de tempo, a Prefeitura pretende adequar a avenida Santos Dumont a receber o trânsito em mão única desde a rotatória da Univille em direção ao Centro. A requalificação da rua Tenente Antônio João iniciou-se no mês passado e constará de um novo sistema de drenagem, asfaltamento e implantação de ciclofaixa numa extensão de 2,6 quilômetros a partir da rua General Câmara até a rotatória da Univille.
Orçado em R$ 3,7 milhões, o projeto também será aplicado em três ruas laterais à Tenente Antônio João – dos Ciclistas, Germano Wetzel e Otto Benack.
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Comunidade reprova projeto
No debate que ocorreu após a apresentação do projeto de construção do binário, o vice-presidente de desenvolvimento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Joinville, Fernando Paulo Martins, se disse preocupado com o tratamento do governo municipal com a situação da Santos Dumont.
Representando cerca de 200 lojistas do Joinville Garten Shopping, Martins criticou o planejamento do binário e defendeu que a avenida deveria ser entregue ao governo do Estado.
– Na Capital, diversas vias se tornaram estaduais, e não se pode negar que elas funcionam muito bem. Joinville, a maior cidade de Santa Catarina, parece estar sempre à margem desse investimento – disse Martins.
O presidente do Ippuj, Vladimir Constante, explicou que a duplicação é uma obra do governo do Estado, embora o grande entrave do projeto, as desapropriações, seja de responsabilidade do município.
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– Este será o grande eixo viário no sentido Centro-Norte, com quatro pistas para veículos de passeio, duas faixas exclusivas para ônibus e ciclovias. O binário que hoje propomos é uma forma de melhorarmos a mobilidade enquanto a duplicação não se concretiza – explicou.
Entre as pessoas que participaram do encontro, as principais dúvidas diziam respeito à segurança para os moradores com o asfaltamento e mão única da via, o risco de decadência do comércio e os pontos críticos em confluências. Além disso, houve questionamento sobre as conversões à esquerda na avenida Santos Dumont, a pouca estrutura das ruas laterais, a ausência de elevados e a eficiência que o binário trará para o trânsito na região.
Conforme o Ippuj, as considerações colhidas na reunião serão levadas em conta na análise do projeto.
