Às vezes eles são amarelos, às vezes roxos. Eventualmente aparecem cor de rosa e até mesmo branquinhos como a neve. Florescidos em épocas específicas do ano, os ipês são uma atração em Blumenau, onde o desabrochar das flores transforma a paisagem, contrastada com o cinza dos prédios e do concreto, em um espetáculo da natureza. Eles não passam despercebidos. Se árvores são poemas que a terra escreve no céu, como escreveu o poeta libanês Khalil Gibran, no início do século passado, o ipê com toda a sua peculiaridade é um caso à parte.

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A espécie roxa é considerada símbolo dos blumenauenses, mas toda a sua exuberância, independente da cor das pétalas que insistem em cair no chão, vai muito além de rótulos. O ipê não tem lá uma relação muito íntima com os imigrantes que desembarcaram no Vale do Itajaí no século 19. Na verdade foi quase 100 anos depois da vinda dos primeiros alemães para a cidade que a árvore começou a ficar mais presente no dia a dia dos blumenauenses, segundo a historiadora Sueli Petry. A simbologia das cores, principalmente do amarelo, aliado à beleza foram os fatores que aproximaram Blumenau dos ipês.

– É entre 1960 e 1970 que o ipê começa a ser citado, inclusive presente em alguns cartões postais do município. Nessa época também surge a ideia de cidade jardim, o que alimentou todo o interesse do blumenauense pela árvore – explica Sueli.

Para o ambientalista Lauro Bacca, o contexto da época do ano e o anúncio da chegada de uma nova estação, além do clima cinematográfico das flores no chão, são os pontos que tornam íntima a ligação de Blumenau com os ipês:

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– O espetáculo da floração na época certa é o que mais chama a atenção. O ipê amarelo, por exemplo, anuncia a chegada da primavera e contrasta com a mata atlântica de uma forma belíssima. Essa explosão de flores faz as pessoas

gostarem e plantarem cada vez mais – conta.

– De uns anos para cá, os ipês anunciam também a chegada da Oktoberfest – brinca Lauro Bacca, fazendo referência ao desabrochar das flores justamente às vésperas da festa mais alemã das Américas.