De 2001 a 2007, 13,8 milhões de brasileiros subiram de faixa social. A informação foi constatada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em um estudo divulgado nesta segunda-feira. Desse total, 74%, ou 10,2 milhões, saíram da classe de renda baixa (até R$ 545,66 de renda familiar), e 3,6 milhões de pessoas passaram da classe intermediária (de R$ 545,66 a R$ 1.350,82) para a classe de renda mais alta (renda familiar superior a R$ 1.350.82).

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Os dados foram definidos a partir dos números da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2007, divulgada na semana passada.

Embora a desigualdade da distribuição de renda no Brasil esteja em queda – tendo recuado 7% nos últimos seis anos – ainda faltam pelo menos 18 anos para o país se alinhar à média da desigualdade mundial. A avaliação foi feita hoje pelo pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Ricardo Paes de Barros.

A taxa de redução da desigualdade no Brasil é consideradas uma das mais aceleradas do mundo, mas não suficiente, segundo o pesquisador, para colocar o país na média mundial:

– A nossa desigualdade é imensa. Mas, na velocidade que vamos, para fazer ela chegar à desigualdade registrada no mundo, ainda temos que repetir o nosso desempenho dos últimos seis anos. São três vezes, ou seja, 18 anos, afirmou. Estamos 24 anos atrasados, já tiramos seis.

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Segundo ele, a desigualdade no país ainda é um problema, apesar da queda nos índices ser consistente, puxada pelo aumento da renda dos mais pobres. Para Barros, o desafio da política social para os próximos anos é reduzir a desigualdade social elevando a renda obtida pelos mais pobres por meio do trabalho. Segundo o pesquisador do Ipea, os programas assistenciais como o bolsa família, além dos benefícios da previdência, não são saídas capazes de dar fim ao problema.

– O bolsa família oferece condições mínimas de a pessoa procurar um emprego, educar os filhos, mas é preciso uma política que dê oportunidade de aproveitar o potencial produtivo do cidadão, para que ele gere renda e saia da pobreza por seus próprios meios – destacou.

De acordo com o Ipea, dentre 74 países sobre os quais há informações a respeito da evolução do coeficiente Gini (índice que mede a diferença entre os mais ricos e os mais pobres do país), menos de 25% conseguiram reduzir a desigualdade no mesmo ritmo que o Brasil (7%).

O progresso, no entanto, só fez o país subir cinco posições no ranking da desigualdade social, composto por 126 países. Assim, 113 países apresentam distribuição de renda menos concentrada que a do Brasil, embora 62% deles tenham renda per capita menor do que a brasileira.

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