As obras de melhorias do Aeroporto Internacional Salgado Filho deverão levar 80 meses – seis anos e oito meses – para sua conclusão e, por causa disso, não estarão prontas durante o período da Copa do Mundo de 2014. É o que aponta o estudo “Aeroportos no Brasil: investimentos recentes, perspectivas e preocupações”, divulgado nesta manhã pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta quinta-feira.
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Conforme o levantamento, o Salgado Filho está em fase de orçamento do projeto, calculado em R$ 345,8 milhões. Segundo dados da Infraero, a previsão de movimentação de passageiros em 2014 no aeroporto da Capital soma 9,8 milhões. A capacidade estimada para o aeroporto no período é de oito milhões de passageiros (100% da capacidade). Ou seja, a projeção de 9,8 milhões de passageiros equivale a 122% da capacidade do aeroporto. Em 2010, a capacidade do Salgado Filho atingiu quatro milhões de passageiros.
O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, reuniu-se com o governador Tarso Genro nesta quinta para tratar da questão das obras no Aeroporto.
– A prefeitura fez todo esforço para cumprir suas obrigações, e agora vamos pressionar o Governo Federal porque não abrimos mão dessa obra tão importante para a economia da cidade e do estado – declarou.
Com base em dados da Infraero, índices econômicos e planos de investimentos para o setor, os aeroportos brasileiros foram divididos em três grupos: situação adequada (apresentam taxa de ocupação abaixo de 80%), situação preocupante (apresentam taxa de ocupação acima de 80%, mas abaixo de 100%) e situação crítica (taxa de ocupação acima de 100%). Pelo estudo, o aeroporto gaúcho está em situação crítica.
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De acordo com o levantamento do IPEA, dos 13 aeroportos com investimentos previstos para a Copa de 2014, dez não estariam em condições para a Copa, pois operariam acima de sua capacidade. Outros três aeroportos (Manaus-AM, Campinas-SP e Galeão-RJ) estariam em situação mais confortável, operando abaixo de 80% de sua capacidade. A análise do plano de investimentos para os 13 aeroportos da Copa sugere que as obras foram planejadas com subdimensionamento da demanda futura. A Infraero pretende investir R$ 5,6 bilhões nesses aeroportos até o Mundial de Futebol.
O estudo diz ainda que, comparando-se os dados de 2009 e 2010, percebe-se que nenhum aeroporto, dos 20 analisados, melhorou de situação nesse período. Pelo contrário, reduziu-se o número de aeroportos nas situações adequada (de quatro para três) e preocupante (de cinco para três), com acentuação daqueles que se encontram em situação crítica (de 11 para 14).
Segundo o Ipea, mesmo que fosse possível concluir os investimentos nos terminais de passageiros nos prazos previstos pela Infraero, a situação dos 13 aeroportos das cidades-sede da Copa de 2014 continuaria de sobrecarga.
– Esses fatos corroboram a afirmação de que os graves problemas do setor aéreo brasileiro estão sendo verificados nos dias atuais, não havendo necessidade de aguardar pela realização do evento de 2014 para as dificuldades se aflorarem – diz o relatório.
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