O aumento da arrecadação do setor público nos últimos anos não se reverteu em melhorias para a população, disse nesta quinta-feira o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann. Durante seminário sobre a reforma tributária, ele apresentou números mostrando que os recursos destinados aos serviços públicos representam um terço do que o Estado arrecada.

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De acordo com o economista, a carga tributária bruta (proporção entre o total arrecadado pelo setor público e o produzido no Brasil) passou de 30,4% para 35,7% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2000 a 2007. No entanto, se for descontado o que o governo retorna aos cidadãos por meio da Previdência Social e dos benefícios assistenciais, essa proporção cai para 12,1% – dados de 2005 e praticamente igual aos 12% registrados no ano anterior.

– Esses recursos representam o que o setor público tem para exercer as funções como segurança, saúde, transporte – explicou Pochmann.

De cada R$ 3 que o governo arrecada, apenas R$ 1 fica para ele exercer suas funções. O restante, segundo o presidente do Ipea, vai para o pagamento de juros, benefícios sociais e instituições privadas.

– Isso deixa o Estado com pouca capacidade de fazer uma interferência decente e efetiva, pois a capacidade de recursos é apenas um terço daquilo que arrecada – apontou.

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