Os primeiros sinais de investimento na expansão da rede de abastecimento de água do Samae parecem ter feito diferença neste verão. Apesar de não ser o suficiente para impedir o desabastecimento em todos os pontos da cidade, as obras evitam uma situação semelhante a de São Paulo – que sofre escassez de água e avalia iniciar um rodízio quatro dias sem água e dois com. O presidente do Samae, Valdair José Matias, conta que felizmente por aqui não há dificuldade na captação do recurso, mas sim no armazenamento:
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– No ano passado tivemos problema por falta de investimento de mais de 15 anos. Mas já fizemos mudanças, principalmente em situações pontuais como áreas altas (onde a água não chegava) e onde a rede estava defasada. Mas ainda precisamos concluir as obras dos novos reservatórios – ressalta.
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Atualmente, Blumenau tem capacidade para reservar 23 milhões de litros de água, mas o ideal é armazenar mais que o dobro: 50 milhões. O Samae afirma ter recursos assegurados com a Caixa Econômica Federal no valor de R$ 24 milhões e ter dado início à licitação do projeto de sete reservatórios, que ampliariam a capacidade para 37 milhões de litros. Outro reservatório, para abastecer a região Norte da cidade, será construído com recursos próprios.
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Na opinião do meteorologista e coordenador do Centro de Operação do Sistema de Alerta da Bacia do Itajaí-Açu (Ceops) da Furb, Hélio Santos, Blumenau precisaria passar por pelo menos três anos de escassez de água para vivenciar realidade como a do Sudeste.
– A região passa por esta situação pois sofre com médias baixas de chuva há pelo menos três anos. No Sul, as pessoas fazem uso consciente da água, temos uma visão de sustentabilidade ampla. Acredito que se passarmos por uma crise com certeza vamos conseguir reduzir o consumo para não ficar sem abastecimento – argumenta.
Hoje o Samae não tem reserva suficiente para armazenar a água que é produzida da meia-noite às 5h e a quantidade retida não é o suficiente para atender toda a demanda, por isso precisa ser reabastecida com bombeamento e tratamento durante o dia.
– Se ocorrer um rompimento, que tenha que fechar um registro para poder fazer um reparo, já vai faltar água em algum lugar. Estamos no limite – alerta Matias.
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Por este motivo, o armazenamento individual se faz necessário e tem sido estimulado pelo Samae com o projeto de financiamento de caixas d’água. O valor do reservatório pode ser parcelado em até 24 meses, sem juros, e pago na fatura mensal do consumo de água. Até dia 15 de janeiro, 479 famílias solicitaram o financiamento lançado em outubro do ano passado.